Assim se intitulava o post de ontem em Dias com Árvores, anunciando o florescer das amendoeiras no Sotavento algarvio (se quiser saber porquê, siga o link).
Enchi-me de brio e parti à procura delas, no Barlavento.
Encaminhei-me no sentido de Messines e virei à esquerda na Cumeada, percorrendo esse belo caminho que nos conduz às Cortes, de regresso à EN 124.
Há uns 20 ou mais anos atrás, com o meu pai, percorri esse caminho, carregando uma câmara de vídeo (das pesadas, à época) e, com filmagens de amendoeiras, de platibandas de casas e de rendas de birlo, ostentando flores de amendoeira estilizadas, de chaminés rendilhadas, de jardins, de muros de pedra, realizei um clip sobre a Lenda das Amendoeiras.
Emprestei-o e nunca mais o vi.
Hoje, esse tal clip não teria acontecido. Além desta amendoeira, de que fotografei a flor, com a respectiva abelha, guardei umas poucas mais, raras, em curvas de caminho, sobre muros caiados de branco, ou debruçadas sobre vales, outrora cobertos com a sua brancura. Envelhecidas, abandonadas, ainda com pequenas amêndoas ressequidas nos seus ramos.
Confesso a minha tristeza, apesar da beleza do caminho, ao avistá-las, assim, como que se extinguindo, levando consigo a memória de um outro Algarve que já não volta mais.
Desculpem esta minha insistência de cada vez que me refiro às amendoeiras:
- Se ao menos as plantassem na encosta norte da alcáçova!
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
A mais louca de todas as árvores
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8 comentários:
Que triste é o abandono! Maior pena só mesmo a morte!
Que plantem amendoeiras na encosta norte da alcáçova! (Até soa como uma microcausa ;-)
Hoje o Paulo publicou uma crónica do Drumond de Andrade intitulada "Fala amendoeira!" Do outro lado o Atlantico é em Março que as amendoeiras se "outonizam"... (deixo o link)
Abraço do NOrte e saudades do Sul.
Manuela
Se...
:(
As amendoeiras floridas fazem parte da nossa infância - e é desta que temos saudades, Toy.
Quando me acontece não ir ao Algarve nesta altura, procuro-as aqui em Lisboa, no Parque de Monsanto, onde algumas (poucas, é pena...) também florescem todos os anos. São "amargosas", como dizemos aí, mas por momentos adoçam-me a vida.
O abraço de sempre.
Também eu gostaria que tal acontecesse. Que espectáculo, nesta época do ano, as amendoeiras nos proporcionariam, na encosta do castelo!
Já agora faço esta pergunta: As palmeiras, tantas, por que será?
Agora, mais umas a rodear a Cruz de Portugal...
Moro na Rua das Amendoeiras.
Há uns anos não havia casas à volta, a terra eras das amendoeiras.
Hoje, o único terreno não urbanizado que resta tem 4 amendoeiras, e em breve irão ser arrancadas.
O nome da minha rua será como uma vaga lembrança do que era.
Não nos devemos preocupar damasiado... em vez de amendoeiras, quem sabe, num futuro breve teremos plataformas de petróleo e ilhas tropicais no horizonte (não consegui mesmo evitar uma certa ironia).
Seremos um dia uma espécie que nem dará conta de que existem flores e árvores, seres tão abstractos então, como é hoje um cabrito aos pulos para muitos habitantes de Lisboa ou de Nova Iorque, que nem uma galinha ao vivo viram. Uma lástima.
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