segunda-feira, agosto 07, 2006

Uma nota de paz sem moralismos pacifistas

Waidi Muawad, dramaturgo de origem libanesa, a propósito dos mais recentes conflitos no Médio Oriente:



  • (...) Não tenho posição, não tenho partido, estou apenas devastado, porque pertenço, de corpo inteiro, a esta violência. Olho para a terra do meu pai e da minha mãe e vejo-me a mim: podia matar e podia estar dos dois lados, dos seis lados, dos 20 lados. Podia invadir e aterrorizar. Podia defender-me e podia resistir e, para cúmulo, se fosse de um ou do outro, saberia justificar cada um dos meus actos e justificar a injustiça que me habita, saberia encontrar as palavras, para dizer como me massacram, como me roubam toda a possibilidade de viver. (...)

in Courrier Internacional, edição nº 70.

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu tomo posição e partido. Pelo povo palestino, que tem direito a um Estado viável, cumprindo-se assim os sucessivos acordos internacionais que desde 1948 determinaram a existência de Israel e dum Estado Palestino naqueles territórios. Seria ironia que o conflito actual (com mais de 7 dias) levasse as autoridades israelitas e seus aliados a concluir (definitivamente) que a pacificação regional passa pelo respeito dos direitos dos palestinianos.

bettips disse...

A Guerra é amoral. Toda a guerra. Defensiva, ofensiva, depende do lado onde te encontras. Tudo é passível de ser justificado. Tem que haver lugar a nações/estados, sem esgrimir argumentos de gravata, como nas UN, enquanto SE MORRE! No início da 2ª Guerra, os europeus NÃO acreditavam ...as reacções são bem mais fortes quando é na nossa pele! Por isso, este NÃO tomar partido mete medo.

Unknown disse...

Edmundo e "bettips"
Quando transcrevi o texto de Waidi Muawad não estava a pensar na política internacional. É que para além dos estados, dos governos e, particularmente, dos governos teocráticos,há a população, que nem sempre se sente reflectida nas tomadas de posição dos governantes e da chamada "opinião pública", mas que é quem realmente sofre neste caos; e quanto se trata de regiões fronteiriças, as famílias sentem-se irmanadas de ambos os lados da fronteira. Adianto mais: quem se atreverá, em estado de guerra, seja onde for, a exprimir-se contra a opinião dominante? Quero significar que as declarações, as manifestações, que nos chegam através da televisão, não são, seguramente, o reflexo do que cada um, na sua diversidade, tem para dizer.
Um abraço.