- as-Shilb
Já te foi tão próxima essa morada de leões e de gazelas
junto à gafaria, a solidão das fronteiras
onde o sussurro do branco se corrói
exercitando-se horto no coração transmudo
das mulheres níveas e morenas.
Hoje sabes que o mistério da luz açoita os olhos
até que o canto de al-mutamid corra o interior das gusas
que alimentam tendões de colos cortados
batendo por dentro das bocas para ostentar a flor
mas nada te preencherá a cegueira
das fábulas na margem do arade
a taifa rebelde rasgando a intimidade dos deuses
pela insídia da cor da terra e dos espaços ermos.
Frutificarás então artéria sísmica
do amarelo envelhecido e que alumbra ancestral
em opulência de imprevisíveis astros
que irradiam um cheiro a tâmaras nocturnas
sob a sede guardada em casulos abertos nos lábios do sal
um espaço errático igual aos meandros da água
o sulco da pedra como um covil
em que o poeta acúleo tangia cordas de alaúde.
Quem guardará na cozedura sublime dos fornos
a cintilação das pequenas ruas na perfuração das muralhas
que se tornam uma mantilha de ouro sob os céus?
João Rasteiro
Nas margens da poesia
Câmara Municipal de Silves, 2008
5 comentários:
1 abraco de Strasburgo.
Outro, de Silves. :)
ETA é pra mim ? :-))
Referes-te à pergunta final do poema?
Tens que perguntar ao autor, o João, que é Rasteiro. :))
Sim...é pra ela.
Um abraço,
joão rasteiro
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