Esta sentinela dos mares, esta presença permanente no mais remoto porto onde haja um barco ou um marinheiro, este pescador incansável a que chamamos gaivota e que recebe os mais diversos nomes nas mais diversas línguas, anda, há uns anos a esta parte, mesmo sem "sinal de tempestade", a procurar alimento entre o lixo doméstico das nossas cidades e abrigo para os seus ovos entre os prédios altos da nosso urbanismo invasor. Defendem as suas crias, não com "unhas e dentes" que os não têm, mas com garras e bico, tão acintosamente como se o espaço que ocupam fosse seu por direito, escorraçadas que são pela poluição, pela falta de recursos, pela invasão dos seus territórios naturais.
A luta pela defesa do território é uma luta pela sobrevivência e não há ser que não reaja à invasão. O próprio homem assim foi construindo a sua tribo, a sua aldeia, a sua civilização, sempre em conflito com o vizinho, com o outro, habitualmente com o seu mais próximo, com aquele com quem confina, com quem se opõe à sua expansão ou quem o invade, mais ou menos violentamente, conforme a pressão desse conflito ou desse receio.
Assim se construíram as nacionalidades, as civilizações e os impérios.
Parecem longínquos, para os mais novos, os horrores dos dois últimos conflitos mundiais, mais próximos de nós os conflitos da nossa descolonização em África e todos os outros, que todos os dias nos entram por essa janela aberta ao mundo, a que chamamos televisão, reclamando-se da maior objectividade os que tomam posição por um ou outro lado do conflito.
Creio que lutar pela paz não é necessariamente tomar posição por um ou outro lado, reclamar pelos direitos de um em detrimento dos direitos do outro, pois é isso mesmo que os divide e nos divide.
Vamos pensar nisso, em sinal de PAZ?! - nós que somos capazes de pensar sobre as coisas, coisa de que as gaivotas não são capazes e por isso reagem instintivamente.
quinta-feira, janeiro 15, 2009
Em defesa do território
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