Sim, depois da tarde em Faro ainda tive a noite em Silves, na Biblioteca Municipal.
Aí surgiu a oportunidade de cumprimentar e falar um pouco com o poeta Nuno Júdice e assistir à apresentação da sua nova obra - O breve sentimento do eterno - a cargo do vice-reitor da Universidade do Algarve, Pedro Ferré.
Vou abrir uma janelinha por onde possam espreitar o seu novo trabalho; só é pena que não possa mostrar-vos o manuscrito, pois todos os poemas vêm acompanhados do manuscrito a que correspondem, a permitir ao leitor senti(a)r-se quase como que a assistir ao despertar do poema.
Sintaxe
É possível este corpo no silêncio da noite
quando as ondas invadem o quarto; e
a maré enche o horizonte dos teus olhos
na praia sem limites do amor.
Começo então a navegar sem destino,
sabendo já que no fim te alcançarei;
e leio um breviário de constelações
no céu que se abre sempre que te vejo.
E é nesse livro cujas páginas decoro
que não me canso de te olhar;
rosto de brancas palavras, mãos doces
como as primeiras vogais, olhos de longas
entoações onde batem as pálpebras do desejo
- corpo consoante na frase em que nos deitamos.
Nuno Júdice
O Breve Sentimento do Eterno
Edições Nelson de Matos, Lisboa 2008
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