segunda-feira, novembro 04, 2013

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IX)













Estátua de Al-Mu'tamid (frente e costas) 
na praça com o seu nome, em Silves.


Abu Bakr Ibn 'Ammar exerceu por pouco tempo o cargo de governador de Silves. 

O rei, Al-Mu'tamid, chama-o a Sevilha e nomeia-o seu vizir (cargo semelhante ao de primeiro ministro na atualidade).

O rei prossegue com a expansão do seu território, iniciada por seu pai e toma Córdova.


Começa a tornar-se inevitável o choque entre as duas civilizações, a cristã e a islâmica, ambas tentando alargar os seus territórios. As fronteiras são lugares de disputa permanente.
Afonso VI cercou Sevilha.

Conta a tradição que Ibn 'Ammar, conhecendo a vaidade do rei de Leão e Castela, o convidou a decidir o destino de Sevilha através de um confronto entre ele e o rei, frente a um tabuleiro de xadrez. O rei cristão perdeu.

Esta colaboração entre o rei de Sevilha e o seu vizir nem sempre foi tão benévola. Ibn 'Ammar tinha uma natureza muito peculiar, ambicioso e vaidoso, capaz do melhor e do pior, a seu proveito.

Conquistou Múrcia e quis garanti-la como sua possessão. Chegou mesmo a pedir empréstimo financeiro a Raimundo Berenguer II, Conde de Barcelona, deixando como fiança Raxid, filho de Al-Mu'tamid. Não pagou a fiança no prazo combinado e Raxid correu risco de vida.

Também ameaçou Valência, com quem o rei de Sevilha tinha um pacto de amizade e chegou a oferecer os seus serviços a Afonso VI. Este não aceitou. Ofereceu-os por sua vez ao rei de Saragoça, com sucesso.

Acontece que ficou prisioneiro ao serviço deste rei de Saragoça. Foi vendido em leilão, onde Al-Mu'tamid o comprou e o levou para Sevilha.

Aí prosseguiu com maledicências na corte que chegaram aos ouvidos do rei, que o mandou prender.

Mesmo na prisão escreveu poemas contra o rei que, um dia, entrou nos calabouços e, no meio de acesa disputa não se conteve e matou-o.

Foi sepultado sob uma torre do palácio real.


Nos anos que se seguem a situação militar complica-se, sob pressão de Afonso VI, e Al-Mu'tamid tenta disfarçar as exigências do rei de Leão e Castela sobre os territórios de Córdova, oferecendo-os como dote de sua filha Zaida, que casa com o rei cristão.



A situação irá complicar-se ainda mais e trará consequências sobre o destino de Silves.



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Garcia DominguesHistória Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges CoelhoPortugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho

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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:



Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (III)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (V)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (VI)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (VII)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (VIII)




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