Estátua de Al-Mu'tamid (frente e costas)
na praça com o seu nome, em Silves.
Abu Bakr Ibn 'Ammar exerceu por pouco tempo o cargo de governador de Silves.
O rei, Al-Mu'tamid, chama-o a Sevilha e nomeia-o seu vizir (cargo semelhante ao de primeiro ministro na atualidade).
O rei prossegue com a expansão do seu território, iniciada por seu pai e toma Córdova.
Começa a tornar-se inevitável o choque entre as duas civilizações, a cristã e a islâmica, ambas tentando alargar os seus territórios. As fronteiras são lugares de disputa permanente.
Afonso VI cercou Sevilha.
Conta a tradição que Ibn 'Ammar, conhecendo a vaidade do rei de Leão e Castela, o convidou a decidir o destino de Sevilha através de um confronto entre ele e o rei, frente a um tabuleiro de xadrez. O rei cristão perdeu.
Esta colaboração entre o rei de Sevilha e o seu vizir nem sempre foi tão benévola. Ibn 'Ammar tinha uma natureza muito peculiar, ambicioso e vaidoso, capaz do melhor e do pior, a seu proveito.
Conquistou Múrcia e quis garanti-la como sua possessão. Chegou mesmo a pedir empréstimo financeiro a Raimundo Berenguer II, Conde de Barcelona, deixando como fiança Raxid, filho de Al-Mu'tamid. Não pagou a fiança no prazo combinado e Raxid correu risco de vida.
Também ameaçou Valência, com quem o rei de Sevilha tinha um pacto de amizade e chegou a oferecer os seus serviços a Afonso VI. Este não aceitou. Ofereceu-os por sua vez ao rei de Saragoça, com sucesso.
Acontece que ficou prisioneiro ao serviço deste rei de Saragoça. Foi vendido em leilão, onde Al-Mu'tamid o comprou e o levou para Sevilha.
Aí prosseguiu com maledicências na corte que chegaram aos ouvidos do rei, que o mandou prender.
Mesmo na prisão escreveu poemas contra o rei que, um dia, entrou nos calabouços e, no meio de acesa disputa não se conteve e matou-o.
Foi sepultado sob uma torre do palácio real.
Nos anos que se seguem a situação militar complica-se, sob pressão de Afonso VI, e Al-Mu'tamid tenta disfarçar as exigências do rei de Leão e Castela sobre os territórios de Córdova, oferecendo-os como dote de sua filha Zaida, que casa com o rei cristão.
A situação irá complicar-se ainda mais e trará consequências sobre o destino de Silves.
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Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)
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