Se, depois do abate de todas as árvores desta zona onde está a intervir o POLIS de Silves, à excepção da velha pimenteira que se avista à esquerda (provavelmente tão velha como as outras), ...
... cujos restos (uma pequena amostra) envio para análise a Dias com árvores, ...
... para vê-las ser substituídas por outras (muitas) Tipuana, Celtis Australis, Parkinsonia, Abelia Grandiflora, Yucca Guatemala, Agave Attenuata, Berberis Thungbergii, Dasylirion Glauco, Myrthus Tarentina (se as designações estiverem correctas) e tantas outras de que nem sei o nome, em nome da modernidade da velha Silves...
... se, para além do escavacar de muros soterrados, encostados a paredes de betão, sem cuidada protecção arqueológica, numa zona onde se identificaram vestígios do torreão da "Porta do Sol" e onde foi encontrada uma valiosa lápide, comemorativa da construção dessa mesma torre, ...
... se, para além de tudo isso, nos vier a sobrar, pelo menos, um jardim aprazível (o anterior, francamente, precisava de uma boa intervenção), que mantenha a memória das velhas árvores aqui existentes, através da presença da velha pimenteira, e...
... estas muralhas, que apesar de relativamente recentes pretendem relembrar a velha cerca da medina islâmica, já me dou por satisfeito. Agora, que o mal está feito.
P.S.
A propósito do derrube destas árvores, remeto-vos para este poema, em Musas Esqueléticas, que nos fala das árvores como guardiãs da eternidade, e da paisagem urbana «despida de qualquer esperança / nas linhas exactas e desertas».
3 comentários:
Viva (nova tentativa de comentar, espero que não apreça em duplicado...;-) Aí ao pé do Castelo havia uns ailantos enormes.A fotografia dos destroços não dá para identificar... Conhece o arborium de Leiria?http://www.arborium.net/final/arborium-arborium.html è um s´tio muito bom para identificar árvores. o melhor que conheço em Portugal.
Abraço cá do Norte
Manuela
E as águas
passam
agora baixinhas
tal como os homens
passam
cegos e baixinhos
nos tempos de maleitas
dispersando dinheiritos
naturalmente
em prazeres e gulas
pequenitos
e obscenos enterrando
ricos fulgores irrepetíveis
-Para que serve isto?
Que porcaria?
Ora,cacos!
Velhas árvores
do tempo da minha bisavó
Fora!
E tudo se vai destruindo
entre o mal e o bem
paradoxalmente
aquele sustentado e desenvolvido
e este esquecido denegredido
em vez de amado
respeitado reflectido desenvolvido
como símbolo supremo
da vida do homem
de ontem
de hoje
de amanhã.
Que raio de perdão
lhes será dado?
Quando se franquearão
as janelas da consciência colectiva
por demais adormecida?
Beijinhos
Luisa
Quero agradecer-lhe a sua referência ao musas. Quando por aqui passo lembro-me sempre de Al'Muthamid e do seu belíssimo poema a Silves. Um abraço.
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