É tempo de Páscoa. Sei a que se refere, mas eu nada tenho a comemorar a tal propósito; são conceitos religiosos que me são estranhos e pouco ou nada me dizem.
Sei, também, que se aproxima um longo fim-de-semana. Sei que a partir de hoje o número dos que por aqui irão passar será diminuto; o tempo é de ar livre. Mas haverá sempre alguém que procura uma palavra e é para esses que aqui deixo este poema.
Até breve, depois da Páscoa.
No fogo das estradas é que
o medo de ter
tempo de mais as mãos pousadas
no amor nas espáduas
na amargura no rio
é que molhar as mãos
na água dos joelhos e andar
um pouco mais ainda sobre o fogo
das pernas e alcançar a terra
o ar do tronco o vapor o
movimento infindável do corpo em torno
do amor é que o mar as estradas
é que a locomoção por sobre a mágoa
no fogo das estradas é que tudo
se pode incendiar
Gastão Cruz
Poemas de Gastão Cruz
ditos por Luis Miguel Cintra
Assírio & Alvim, Lisboa, 2005
2 comentários:
António, só para dizer que estive aqui a ouvir a bela voz do Luis Miguel, sobre o poema de calma do Gastão Cruz. Abraço do Helder.
Obrigado, meu caro.
Também o Contrasenso me merece a visita regular, a partir das actualizações em Feed.
Abraço.
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