(A 2ª nota é uma montagem fictícia)
Quem não lê, é como quem não vê
Carlos, que vivia só, depois da morte da sua mulher, há algum tempo, fora acometido por uma doença crónica. Regularmente, de seis em seis meses, deslocava-se ao Hospital Central da sua região, a cerca de 80 km, para observação médica.
Cedo, pela manhã, evocava o procedimento adequado e marcava no telefone o número da praça de táxis da cidade mais próxima, a 12 km da sua aldeia. Em cerca de meia hora estava a comprar o bilhete de comboio.
A viagem, depois, era bem mais demorada. Finalmente na estação de destino, conseguia com facilidade o táxi que o conduziria ao hospital.
Nem sempre assim acontecia.
Já lhe sucedera haver um vizinho que ia à capital nesse dia e o deixara directamente à porta do hospital. Outras vezes apanhara boleia até à cidade e daí um autocarro até à estação, mas ultimamente não havia esse autocarro de ligação e então ia a pé, uns 2 km, se tivesse tempo, ou de táxi, se o tempo escasseasse.
Na capital receava sempre não apanhar um táxi. Sucedera-lhe uma vez e não foi fácil chegar ao hospital, numa cidade grande, que desconhecia, e sem indicações que pudesse utilizar. Chegara tarde à consulta e teve que cumprir de novo, uma semana depois, esta peregrinação que lhe coubera em sorte.
Já no hospital, dirigiu-se directamente ao edifício das Consultas Externas e retirou a senha com o seu número de espera, depois de ter pressionado o botão referente à sua especialidade, de entre vários outros, para outras tantas especialidades.
Agora, toda a sua atenção se concentrava nos vários quadros com algarismos, tentando descobrir o momento em que um dos quadros revelasse algarismos iguais aos que a sua senha ostentava.
Já lhe sucedera apresentar a sua senha com algarismos iguais ao do quadro e ouvir dizer, do outro lado do balcão:
- «A sua senha não é desta especialidade. Aguarde por esse número dois guichets à sua esquerda.» (...)(Continua amanhã)
4 comentários:
Caro Antonio,
De modo a divulgar o teu site da cidade de Silves, criei um link no meu Blog!
Espero ajudar em alguma coisa!
Bjs da matilde
Obrigado, Miguel!
Sabes, António, fizeste-me voltar ao tempo em que no Diário de Notícias que o meu pai comprava eu esperava o desenrolar dos folhetins... hoje aguardarei amanhã!
Um abraço
Hospital Central a 80 km... é bom sonhar...
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