segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Falta de chá

Extraído dos jornais, mais exactamente do "Barlavento":


  • Isabel Soares participa em ritual ancestral do chá

    Isabel Soares, presidente da Câmara de Silves, vai participar, amanhã, sexta-feira, numa degustação de chás preparados com plantas medicinais da região, que terá lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Silves, às 17 horas

    A prova dos chás será feita de acordo com um ritual ancestral do chá e tendo em atenção uma fase lunar, que tem o seu apogeu esta sexta-feira, às 17h45.
    Zélia Sakai será a responsável pela apresentação do ritual.
    A entrada é livre.


Que me perdoe a Zélia Sakai contra quem nada tenho, no aspecto pessoal ou no que se refere ao seu ritual do chá, no qual poderia participar, com o maior à-vontade, sobre a praia, na serra, em qualquer esplanada de café ou até numa sala de espectáculos, com a lua em apogeu ou perigeu, cheia, nova ou em qualquer outra fase; de preferência quando o seu enquadramento nos convida à fruição do olhar, à contemplação da beleza e nos proporciona, e aos que nos rodeiam, aquela saudável e doce sensação de bem-estar pessoal.

Mas muita falta de chá ou falta de equipamentos mais apropriados, parece ter a nossa Presidente, Isabel Soares, para realizar tal "ritual do chá", com ou sem plantas da região, no Salão Nobre dos Paços do Concelho e fazer questão de estar presente, dando exemplo, usando o Salão Nobre como se fosse um espaço de fait-divers e divertimento social.
A nobreza do Salão Nobre reside na sua qualidade de Sala exemplar de todos os munícipes, de todos os cidadãos residentes no concelho de Silves, e o que ali se realiza deve ser exemplar: o compromisso mal equilibrado entre um chic "chá das cinco" e um ritual de estilo pagão, não me parece ser exemplo que de algum modo possa contribuir para a melhoria do modo de vida dos cidadãos, ou do que quer que seja.
Sra. Presidente, é da sua competência gerir o Salão, com critério, mas não ao sabor da última moda ou das necessidades da ocasião.
E é escusado dizer-se que a entrada é livre: o Salão Nobre é nosso e, quando se abrem as suas portas, só a sua lotação pode justificar qualquer impedimento à entrada dos cidadãos, como acontece em qualquer lugar público.

3 comentários:

Torquato da Luz disse...

Excelente post, Toy! Escusado será dizer que estou inteiramente de acordo, por motivos que não vêm agora ao caso (mas poderão vir, um dia...). Abraços.

MaD disse...

Se a moda pega, um dia destes ainda vamos tomar um cafèzinho ou, quem sabe, uma cervejinha fresca em qualquer outro salão nobre.
Talvez em vésperas de eleições autárquicas...
Cumprimentos.

Bruno Filipe Pires disse...

Qual é o problema de tomar chá no salão nobre? Estão a ofender alguém? Estão a roubar alguma coisa? Se calhar, seria com isso que você se deveria preocupar. Não se esqueça que o salão nobre é tanto seu como dos outros cidadãos, e já que vivemos em democracia, não vejo qual é o mal de respeitar a apresentação do chá. tanto moralista...