segunda-feira, março 23, 2009

Um poema tenso, a amenizar

Um certo estado de espírito, também, a abrir espaço, ao fundo da página, para um poeta de que tanto gosto e que ainda aqui não constava.

  • MAPA

    I

    O poeta
    [o cartógrafo?]
    observa
    as suas
    ilhas caligráficas
    cercadas
    por um mar
    sem marés,
    arquipélago
    a que falta
    vento,
    fauna, flora,
    e o hálito húmido
    da espuma,

    II

    pensando
    que
    talvez alguma
    ave errante
    traga
    à solidão
    do mapa,
    aos recifes desertos,
    um frémito,
    um voo,
    se for possível
    voar
    sobre tanta
    aridez.

Carlos de Oliveira
Micropaisagem
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1969

2 comentários:

hfm disse...

Depois de longa ausência que bom encontrar aqui um poema destes. Sempre acima das médias este blogue.

Um abraço amigo

luís ene disse...

curioso que ontem comprei uma antologia breve de Carlos de Oliveira e estive a ler este poema e a pensar lê-lo em voz alta.
quéfeito?