Ainda um outro trecho retirado do meu registo de memórias:
(...)
À noite vesti uma roupa mais vistosa do que o habitual, perfumei-me com maior profusão e fui ao casamento de Nuredin, o meu professor de árabe.
Receberam-nos com alegria. Fomos apresentados à noiva numa sala especial de recepção. Dançámos sob o olhar atento das mulheres marroquinas, menos curioso, apesar de tudo, do que o das suas filhas. Algumas, mais atrevidas, juntaram-se-nos a dançar; confidenciaram-me ser emigrantes em França.
As mulheres e as filhas sentadas em torno do salão, os rapazes concentrados junto à orquestra de temas românticos de sabor fora de época, os bolos de amêndoa e o chá de menta.
Não fossem as roupas das mulheres e o chá de menta em vez do alcool e dir-me-ia num casamento português, na província, há uns anos atrás.
As restrições religiosas à reprodução da figura humana dificultam as fotografias. Não as tenho do casamento de Nuredin. A de ontem, das crianças na rua, tirei-a sob as arcadas de um café, resguardado dos seus olhares. As de hoje, obtidas num mercado, foram bem mais fáceis:
- a primeira, por motivos óbvios;
- a segunda, porque a atenção dos protagonistas estava demasiado ocupada nos "saldos".
1 comentário:
É recorrente, mas as suas fotos são vivas!fcr.
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