Vou dar início à contribuição dos meus leitores.
O poema que irei hoje publicar não foi o primeiro que recebi, mas foi alinhado em primeiro lugar por uma ordem que adoptei, a partir de um "critério" um pouco mal definido, mas que me pareceu bem.
Samora Barros (Albufeira), um «...lírico, também pintor, que se apaixonou por Silves», no dizer do meu amigo Manuel Ramos, a quem agradeço a colaboração:
- Ideal
Tenho a casa cercada de arvoredo
E as altas trepadeiras, de mãos dadas
Cingem-na toda. E olho-as quase a medo
Porque tenho as saídas já vedadas!...
Quando pequeninas, tão amimadas!...
Ia cavá-las logo de manhã cedo,
E nos botões das flores engrinaldadas
Eu sentia sorrir-me o raizedo!!...
E assim, criei esse meu Ninho - Ideal
Que me estrangulou toda a esp'rança querida
De uma vida feliz e sempre igual...
É que um Ideal é Força - Homicida
Por nós alimentada, e que afinal
Nos mata, quando lhe damos a Vida!!...
Samora Barros
30 sonetos
Tipografia União, Faro 1966
1 comentário:
Meu caro Toy:
Sei (e tu também, claro) qual a casa de que Samora Barros - cuja faceta de poeta deconhecia - fala neste soneto. Por mim, continuo a gostar do pintor.
O abraço de sempre.
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