- Ficas toda perfumada de passar por baixo do vento que vem
do lado reluzente das laranjeiras.
E crepitam-me as pontas dos dedos ao supor-te no escuro.
Queimavas-me junto às unhas.
E a queimadura subia por antebraço e braço
ao coração sacudido. Eu - perfumado
e queimado por dentro: um laço feito de odor
transposto, ar fosforescendo, uma árvore
banhada
nocturnamente. Tudo em mim trazido
súbito
para o meio. Quando este saco de sangue rodava
defronte da abertura
prodigiosa.
Ou o poema contínuo
Assírio & Alvim, Lisboa 2004
4 comentários:
O Herberto Helder não existe!
Bom dia, António.
Vim ler o que tens por cá não sem antes de agradecer a visita da noite dos amigos.
Um abraço.
Fico contente por também gostares do Herberto. Mais um abraço!
Belíssimo! Permite que destaque:
"Eu - perfumado
e queimado por dentro: um laço feito de odor
transposto, ar fosforescendo, uma árvore
banhada
nocturnamente."
Um abraço
Helena
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