quarta-feira, janeiro 12, 2005

O lado reluzente das laranjeiras

      • Ficas toda perfumada de passar por baixo do vento que vem
        do lado reluzente das laranjeiras.
        E crepitam-me as pontas dos dedos ao supor-te no escuro.
        Queimavas-me junto às unhas.
        E a queimadura subia por antebraço e braço
        ao coração sacudido. Eu - perfumado
        e queimado por dentro: um laço feito de odor
        transposto, ar fosforescendo, uma árvore
        banhada
        nocturnamente. Tudo em mim trazido
        súbito
        para o meio. Quando este saco de sangue rodava
        defronte da abertura
        prodigiosa.

Herberto Helder
Ou o poema contínuo
Assírio & Alvim, Lisboa 2004


4 comentários:

Anónimo disse...

O Herberto Helder não existe!

Anónimo disse...

Bom dia, António.
Vim ler o que tens por cá não sem antes de agradecer a visita da noite dos amigos.
Um abraço.

Anónimo disse...

Fico contente por também gostares do Herberto. Mais um abraço!

Anónimo disse...

Belíssimo! Permite que destaque:

"Eu - perfumado
e queimado por dentro: um laço feito de odor
transposto, ar fosforescendo, uma árvore
banhada
nocturnamente."

Um abraço
Helena