Fumar o sopro da vida, travar-te no pulmão, reter-te respirar-te
Constróis-me como num parto, vivo por dentro de ti como um feto
És o músculo que empunha o martelo, o ferreiro que bate, aperfeiçoando,
[o metal
O cavalo alado da minha juventude, excitando-me, amedrontando-me,
[atiçando-me
O abanador que espalha a minha fogueira, que espalha o meu calor
O índio que me cura espetando agulha
És a árvore, eu era o fruto caído no chão que germinou com o teu cheiro
E agora estamos os dois aqui, olhando-nos como vitrais de Igreja
Permanecemos
Com o vento abanando nossos frutos verdes
Ruben Gonçalves
Do Solo ao Sul
(Antologia de Novos Poetas Algarvios)
ARCA (Associação Recreativa e Cultural do Algarve), Faro 2005
9 comentários:
Gostei de conhecer e de ler.
Breathtaking!
Helena
Além de novos, estes poetas são jovens, entre os 20 e os 30 (ou os 30 e poucos anos).
Prometedor, não é?!
Joana
Nós conhecemo-nos?
Desculpa a pergunta, mas há mais do que uma Joana a aparecer por aqui e através do blog não te identifiquei.
Este é divino, meu preferido. Círculo de amor, ah...como sempre, mais belo/mais triste, amor finito.
Abç
Também gostei muito, Bet.
Quando penso na futilidade e no vazio de tantos jovens que conheço... Ao pé disto, vai um oceano de poesia de distância!...
Haverá sempre um "oceano de poesia" entre alguns poetas jovens e outros jovens, fúteis e vazios, não acha?!
O amor que respiramos sempre, mesmo quando julgamos não sentir, inspira-nos. Relembra-nos que temos um dom!
Vitória
http://atentaoinesperado.blogspot.com/
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