quinta-feira, setembro 12, 2013

Alcantarilha - memórias de infância (IV)





As minhas memórias mais remotas são as da casa onde morávamos e onde nasceram os meus dois irmãos mais novos: o Zé e o Fernando. É a casa de paredes brancas, sobre a esquerda, com uma porta e duas janelas simétricas - a estação local dos Correios, que a minha mãe chefiava.
 
A porta servia o correio propriamente dito e a minha casa, no interior. Para sair para a rua teria que passar junto ao balcão e se quisesse sair sem autorização teria que ser discreto e sorrateiro.
 
Felizmente havia um quintal, bem amplo, com um poço que a minha mãe temia, por nossa segurança, apesar de ter uma cobertura, e uma zona cercada a muro onde meu pai cultivava quase tudo o que era necessário em casa, das couves às batatas, das cenouras às alfaces...
 
Havia também um jardim, encostado ao muro, onde havia flores, muitas flores. Lembro os amores perfeitos, em quantidade tal que dava para encher por completo o andor do Senhor dos Passos.
 
Uma outra zona era reservada aos coelhos e galinhas.
 
O poço e uma outra área tipo logradouro sem ocupação específica, ficavam precisamente nas traseiras dessa casa amarela com uma porta e duas janelas.

Essa porta não sei se está ou não classificada, mas deveria estar; trata-se de uma cantaria manuelina (séc. XVI).
 
A porta intermédia entre o correio e essa casa era a barbearia do António da Horta, que aos sábados à noite ficava aberta até desoras, pois vinham os homens cortar o cabelo e aparar a barba, porque no dia seguinte era domingo e dia de vestir o melhor fatinho para sair a passear ou ir à missa.
 
Mas o quintal tinha uma outra porta para a rua de trás. Essa porta velhinha da foto abaixo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


E essa porta dava para esta rua - a Rua da Audiência.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

E aí, além da garagem onde o meu pai guardava um velho Ford, de Matrícula AC, salvo erro AC-77-70, bem velhinho mesmo para a época, do tipo daqueles automóveis dos filmes do Al Capone, com os "gangsters" no pequeno poial de acesso ao interior, armados até aos dentes e a disparar freneticamente para todo o lado. Lembram? Pois ainda viajámos nele até à terra do meu pai, lá para os lados do baixo Tâmega, bem perto do local onde desagua no grande rio Douro, o do Vinho do Porto.
 
E ainda existe essa garagem.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

E também existe, já com um ar desabitado, a casa onde morava uma senhora que um dia teve a má ideia de sugerir ao meu Zé que compusesse melhor a blusinha, que tanto trabalho deveria ter dado à mãe para a lavar e passar e ferro.
 
Pois essa senhora, de cada vez que assomasse à janela teria que ouvir o meu Zé, 3 anos mais novo do que eu, dizer com aquela vozinha de moço a arremedar - "Puxa a blusinha, puxa!" - até à exaustão.
 
Um dia,  a queixa da senhora foi cair aos ouvidos do meu pai!!!
(Eu agora estou a rir e o meu irmão quando for ler isto também rirá, mas na ocasião não se riu, não).
 
 
 
Espraiei-me nestas memórias, que terei de continuar em próximo episódio, pois este já vai um pouco longo.
 
Até breve!
 

(Tem continuação)


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               Alcantarilha - memórias de infância

                Alcantarilha - memórias de infância (II)
 
                Alcantarilha - memórias de infância (III)
 
 
 
 
 
 
 

1 comentário:

souheasttop disse...

Bem que poderei eu Dizer aqui...... ummmm Lembnro da maior parte disto tudo, pois por aqui brinquei e fiz amigos das gentes, algums deles meus Prioms por exemplo o Antonio da Horta- Barbeiro, de quem eu fui um grande amigo do seu filho, da sua esposa que era Enfermeira do dentista e depois enfermeira de Aldeia, das Casa atraz que eram de um Mendoncas Familiares do Nunes.
Das pedras e das Calcads nao esquecedo dad Portas.
Quanto a Porta do Correio que me lenbro como hoje com os seus grandes balcoes de madeira e de a casa do telephone publicoo dentro dela , pois na Vila nao havia cabins de Telefone public, e quem quise-se fazer uma Chamada telefonica teria que ir ate aos Correios.
Nem muita gente tinha Telefone na Altura, soemente algumas pessoas e algumas Casa de Comercio
Um abraco ate a proxima
Por favour desculpem os erros pois uso teclado Ingles.