quinta-feira, setembro 19, 2013

Alcantarilha - memórias de infância (VI)






Há uma Alcantarilha de tons campestres...






... que se avista a partir destas casas de barras amarelas....








... e destes muros caiados de branca cal.





O acesso ao campo era sempre uma aventura maior, pois teríamos que nos afastar das ruas e largos habituais, onde se exercia o controle dos mais velhos, e evitar particularmente os amigos da família.
 
Aproveitávamos sobretudo os jogos de "apanhar", ou a ideia de ir até ao lavadouro e à ribeira surgia espontaneamente na sequência desses jogos.



 






Em recente visita a Alcantarilha aproveitei para fotografar o Lavadouro e...











..deparei com este painel em azulejos que, suponho, deve reproduzir alguma foto antiga.






A ribeira é hoje quase um fiozinho de água. Provavelmente sempre assim foi, mas avistada agora com olhos de adulto tem de facto um caudal pouco significativo, em particular no verão.



Contudo, a altura da pequena ponte revela bem que o caudal de inverno não a põe em perigo.

Esta ponte está relacionada com o acesso a um local especial da minha infância, que na minha imaginação era feito de mistério e de aventura.

A Cova ou Toca do Fradinho

Trata-se de um algar ( http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx?pal=algar ), que um grupo de malta da minha idade usava como lugar de guarda de um tesouro (uma caixa de fósforos com vidrinhos coloridos) e que, com as nossas espadas de madeira, defendíamos de um grupo oponente - "Os Invencíveis", dos irmãos Costa da Padaria.

 

Do nosso grupo lembro o Manuel Jacinto, o Zezinho, o meu irmão Zé (pequenino, mas marfado), o Toninho, o Sousa e... ( Já lá não chego mais. Alguém ajude!).

 
O lugar está agora circunscrito a uma propriedade vedada, com rede de arame, o que dificultou a fotografia, mas cujos proprietários souberam respeitar essa memória (veja-se a placa com o nome da propriedade), que não é só minha e dos amigos, mas já vinha de trás, provavelmente porque serviu de refúgio a pastores ou até a algum eremita ou frade, ou tão só pelo inusitado buraco no cimo de uma elevação rochosa.
 
 
Quando vim viver para Silves e fiz novos amigos, contei-lhes muitas vezes estas aventuras na Cova do Fradinho, ao ponto de os interessar o suficiente, para os convencer a irmos de bicicleta a visitar o lugar.
 
Pelos meus 12 anos, com o António Elias, o António José Matos, o Fernando Gama Pinto e... (já não recordo se mais alguém) lá percorremos os 15 km que separam Silves de Alcantarilha para lá chegarmos. Visitámos o lugar, prestei informações detalhadas sobre os combates, quis mostrar o tesouro, mas já lá não estava, mostrei o lugar donde formei um salto e fiquei sem respirar, provavelmente por ter caído de calcanhares, para que no final ninguém tivesse achado piada.

              - "Nada de especial!"
 
Pobre do Elias, que teve que fazer um esforço duplicado, pois tinha uma bicicleta de roda baixa.
 
E pobres de nós se os nossos pais tivessem desconfiado da aventura.

Felizmente fomos coesos e ninguém se descoseu.

(Tem continuação)


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NOTA: Se ao passardes com o rato sobre as fotos aparecer uma "mãozinha", podeis clicar com o botão esquerdo e a foto aparecerá ampliada.
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Estes textos e fotos sobre Alcantarilha já vêm de trás.

Se quiser aceder aos textos anteriores, faça um clique em:

               Alcantarilha - memórias de infância

               Alcantarilha - memórias de infância (II)
 
               Alcantarilha - memórias de infância (III)

               Alcantarilha - memórias de infância (IV)

               Alcantarilha - memórias de infância (V)







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