As recordações do curto período de tempo que vivi em Alcantarilha, entre os 3 e os 10 anos de idade, e que muito provavelmente não devem ser anteriores aos meus 6 anos, estão praticamente esgotadas.
Restam-me memórias dispersas, muitas delas relacionadas com lugares e edifícios, entre os quais figuram alguns de importância patrimonial, reconhecidos e classificados como tal.
Daí a minha ideia de prosseguir com estes relatos, debruçando-me sobre o património edificado nesta terra que tanto me marcou.
Começo precisamente pelo Castelo de Alcantarilha, cujos muros conheço desde bem miúdo, mas que nunca soube, senão já em adulto, terem pertencido a um castelo.
E inicio também com um troço de muralha, cuja fotografia bati a partir da Rua das Ambrósias, quando se desce para o Lavadouro e para a ribeira, que deveria integrar uma torre, como se pode verificar na fotografia acima, que não surge nas fotografias oficiais, creio que por não ter ser sido ainda alvo de uma classificação pelos serviços competentes do Ministério da Cultura.
É precisamente a partir da Rua das Palmeiras e por esta travessa de muros brancos, que hoje aparece identificada como Travessa do Castelo, que se acede ao troço mais conhecido da fortaleza que temos vimos a referir. Termina esta travessa no Largo General Humberto Delgado, mesmo aqui junto do edifício que se vê na fotografia à direita, e que serviu (creio que ainda serve) de Praça do Peixe.
O Sr. Costa, antigo regedor, também usava esse portão da esquerda como prisão temporária para prevaricadores da ordem pública, como me recordou o meu amigo Zezinho em recente visita que fiz a Alcantarilha.
Aqui está o Castelo (classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977 (Dec.º nº 129, de 29/09).
Não há evidências da sua existência ao tempo da presença islâmica, mas o topónimo Alcantarilha, se é que deriva da palavra árabe Al-Qantara, que significa ponte, de que também a cidade homófona (e quase homónima) de Alcantarilla, em Espanha, se reivindica, então, pelo menos nessa época a localidade já existiria.
Quero também chamar a atenção para uma referência do Dr. Garcia Domingues, citando J. Ribera Tarragó, que se refere a um tal Abu 'l Qasim Al-Qantarí, como possuidor de uma famosa biblioteca e colecionador de obras literárias, ao tempo do Principado dos Ibn Muzain (primeira metade do séc. XI) e a residir na região de Silves (Xilb, na altura).
Al-Qantarí é um gentílico para Al-Qantara; quero significar que Al-Qantarí quer dizer alcantarilhense ou "o de Alcantarilha", ou seja, Abu 'l Qasim Al-Qantarí, aqui teria nascido ou residido, o que confirma uma certa importância desta localidade.
O que se sabe ao certo sobre o Castelo é que o rei D. Sebastião por aqui passou em visita em 1571 e ordenou que se reconstruíssem os muros ali existentes e em mau estado de conservação. Estes muros que D. Sebastião visitou seriam os que restavam de uma construção que teria sido erguida a partir de 1559, na sequência de ataques de piratas provenientes do Norte de África.
Estes muros, que envolviam a construção de uma Porta da Vila e alguns baluartes, defenderiam Alcantarilha do acesso dos que viessem do lado do mar.
Sabe-se que estas obras ainda não estavam terminadas em 1621 e no século XVIII já apresentavam ruína.
Quero também chamar a atenção para uma referência do Dr. Garcia Domingues, citando J. Ribera Tarragó, que se refere a um tal Abu 'l Qasim Al-Qantarí, como possuidor de uma famosa biblioteca e colecionador de obras literárias, ao tempo do Principado dos Ibn Muzain (primeira metade do séc. XI) e a residir na região de Silves (Xilb, na altura).
Al-Qantarí é um gentílico para Al-Qantara; quero significar que Al-Qantarí quer dizer alcantarilhense ou "o de Alcantarilha", ou seja, Abu 'l Qasim Al-Qantarí, aqui teria nascido ou residido, o que confirma uma certa importância desta localidade.
O que se sabe ao certo sobre o Castelo é que o rei D. Sebastião por aqui passou em visita em 1571 e ordenou que se reconstruíssem os muros ali existentes e em mau estado de conservação. Estes muros que D. Sebastião visitou seriam os que restavam de uma construção que teria sido erguida a partir de 1559, na sequência de ataques de piratas provenientes do Norte de África.
Estes muros, que envolviam a construção de uma Porta da Vila e alguns baluartes, defenderiam Alcantarilha do acesso dos que viessem do lado do mar.
Sabe-se que estas obras ainda não estavam terminadas em 1621 e no século XVIII já apresentavam ruína.
Dois outros pormenores do Castelo de Alcantarilha, com que termino esta primeira incursão pela memória patrimonial.
(Tem continuação)
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NOTA: Se ao passardes com o rato sobre as fotos aparecer uma "mãozinha", podeis clicar com o botão esquerdo e a foto aparecerá ampliada.
Com um clique na cruz, no canto superior direito, estareis de regresso a esta página.
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Estes textos e fotos sobre Alcantarilha já vêm de trás.
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Alcantarilha - memórias de infância
2 comentários:
A porta Vermelha que se ve era do Palheiro da Belinha Quintinha eu Morava cerca de aqui, a frente da Casa do Professor Verdasca.
O Regedor no meu tempo era o Jose Patricio Pai do Carlos Patricio ainda meu Primo e Tio do Antonio Patricio (Toinho da tia Brabara Penisga) meu Primo.
Lembro bem destas ruas e vielas, esta tambem era conhecida pela a Azinhaga do Praca ou do Castelo.
No quintal do castelo o Antonio Burrinha Guardava as Caixas vazias do Peixe
O Largo da Carneira que da para a porta de traz do Ze Manuel bem como para o antigo Palheiro do Costantino da Sofia e para a antiga Oficina do meu tio Dominginhos do Prior.
Na Carneira ao cimo da cruz existe um Cranio, que Segundo a Tradicao passada na Familia era do meu Avo Cancio, qual Avo nao sei (Quantas geracoes passadas) somente sei que se chamava Cancio, e bastante interessante esta historia eu tinha os meus 8-9 Anos a minha Tia Chica levou-me um dia a Carneira e apontado para o tecto disse," Ze estas a ver aquele Cranio com uma mancha no frontal nunca de esquecas pretence ao nosso Avo Cancio".
E eu fiz o mesmo quando estive em Portugal o ano Passado em Agosto levei a minha Filha Mary e o Genro Justin e disse-les aquele Cranio pretence ao nosso Avo Cancio nunca de esqueces e diz ao teus filhos um dia em Nove Yorke que nesta capela existe um Cranio que pertenceu ao Avo Cancio deles.
As ossadas que la estao foram levadas para ai quando foi construido o actual Cimiterio pois o antigo era contiguo a Igreja do Carmo, Segundo parece era uma antiga Capela Funerario fora de muros, este Cimiterio mais tarde foi Chamado o Quintal do Adão ainda existente, uma vez que ele ai trabalhava como Carreteiro.
O Ze Manuel da Biatriz Moura tambem e meu amigo
Obrigado, southeadttop.
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