Antes que ele venha a ser referido por outro Baeta, que não eu, permitam-me que vos recorde António Aleixo:
A rica tem nome fino,
A pobre tem nome grosso;
A rica teve um menino,
A pobre pariu um moço!
Continuo então com mais uma colaboração do prestimoso FCR, desta feita com Clementino Baeta:
- Ficas tu em meu lugar
O Aleixo, por saber
Que eu sabia improvisar,
Talvez pra me envaidecer,
Disse-me um dia a cantar:
Baeta, quando eu morrer,
Ficas tu em meu lugar.
Respondi com sofrimento:
- Aleixo, muito obrigado.
Mas, por ver que o teu talento
É tão mal recompensado,
Farei pra que meu sustento
Nunca dependa do fado.
Sabes bem que valorizo
A poesia popular.
E sabes também que preciso
De te ouvir pra me inspirar,
Mas que a cantar de improviso
Jamais te posso igualar.
Tristonho me respondeu:
- Baeta, tu tens razão,
Não queiras ser como eu,
Que vivo do que me dão
E ainda ninguém me deu
A justa compensação.
A sua vida foi drama
Demasiado absorto:
Quando caiu numa cama,
Não recebeu o conforto
Daqueles que lhe dão fama
Agora depois de morto.
(in "Sonhos de Emigrante")
2 comentários:
Se não estou em erro, a quadra 'A rica tem nome fino....' é glosada por António Aleixo e também por Clementino Baeta, mas a paternidade é de um 'poeta de Beja', como António Aleixo reconhece. fcr.
Estou a gostar destes líricos algarvios. É sempre bom reler António Aleixo.
Um abraço
Helena
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