Vou prosseguir, com a colaboração de FCR.
Dizia-me, no email que me enviou, que a sua selecção seria "... para um poeta vivo. Temos, geralmente, tendência (com toda a reverência para a sua paixão andaluza ) para privilegiar os mortos tão vivos, em detrimento dos vivos tão mortos."
Ofereceu-me este poema de Elviro Rocha Gomes:
- A ovelha tosquiada
Tosquiaram a ovelha.
Parece uma velha.
Tão lisa e tão fria
parece uma rã.
Umas mãos hábeis
roubaram-lhe o garbo
tirando-lhe a lã.
Assim ficou nua
no meio do prado.
Anda vaidade
passeando na rua
com lã que era sua.
E ela anda nua.
À luz da singeleza, POEMAS, Faro 1999
1 comentário:
Elviro, um dos tais 'poetas vivos tão mortos', semeia ( tem semeado ), do seu bolso, dezenas de folhetos por onde passam algumas preciosidades. Edições de 100 exemplares para oferecer aos amigos, que não são, necessariamente, 100 leitores. Somos um país de poucas letras, a quem foram dados tantos poetas e os deixa sumirem-se mal conhecidos. fcr.
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