Garcia Domingues, arabista silvense, refere-se na Introdução à sua História Luso-Árabe (1945) aos poetas algarvios, dizendo: "(...) Nalguns deles chega a surgir com bastante realidade a imagem do arabismo passado e por vezes ela sedu-los completamente, sobrepondo-se à própria representação do presente. (...)"
Da minha lista de poetas, ao fundo da página, e referindo-me aos que o arabista silvense conhecia, ao tempo em que publicou a sua obra, já constam dois líricos algarvios - João de Deus (Messines - Silves) e João Lúcio (Marim - Olhão).
Chegou a hora de Cândido Guerreiro (Alte - Loulé).
- Nostalgia
Naquela torre, alcácer de reis mouros
Entram fantasmas por ocultas sendas
Torre de encantamentos e d'agouros
Torres de histórias, mas, torre de lendas.
Por essa noite aos altos miradoiros
Vêm assomar aparições tremendas
Tingem punhais, há gritos e contendas
E reza a fama que ali há tesoiros.
Fui lá ter uma vez a horas mortas
E, intemerato, o coração valente,
Bradei: «Filhos d'Agar abri-me as portas»
Quero viver convosco o sonho do passado
Ser sombra como vós, porque o presente,
É ermo onde eu ando desterrado.
P.S.
Os que quiserem colaborar nesta mostra de líricos do Algarve serão bem-vindos. Deixo aqui o meu endereço para o efeito: Local & Blogal (basta clicar).
Para evitar que o meu programa anti-spam remeta os emails para uma pasta indesejada, aconselho que coloquem "Liricos algarvios" como "assunto" da mensagem .
1 comentário:
A primeira vez que ouvi falar de Cândido Guerreiro foi à filha dele - minha professora!
Obigada por estas preciosidades.
Helena
Enviar um comentário