quarta-feira, setembro 07, 2005

Aí está o teatro. Que viva o Teatro!

Teatro Mascarenhas Gregório, Setembro 2005, © António Baeta Oliveira

Está aí, finalmemente restaurado, o querido Teatro Mascarenhas Gregório.
É certo que falta concluir algumas obras e acabamentos, nomeadamente no hall de entrada, agora expandido a toda a nova frente virada à rua Cândido dos Reis, mas o restauro, mais exactamente a sua reabilitação, é já uma realidade.

Foi devolvida à cidade uma peça preciosa do seu património e uma infraestrutura básica do deficitário equipamento cultural de Silves, passadas três décadas de poder local.
Não há mais desculpa para que a Câmara de Silves continue a ser uma das poucas que, no Algarve, não presta apoio à sua orquestra, a Orquestra do Algarve, e à sua companhia de teatro, a ACTA. Os silvenses têm sido privados do acesso à música e ao teatro que se faz e dignifica a região, numa vergonhosa quebra de solidariedade institucional.

E depois? (perguntava eu, já em 8 de Janeiro de 2004):

    Que estruturas técnicas e humanas existem para edificar um projecto criterioso para aquele edifício? Que meios financeiros?
    É que, sem a criação dessas estruturas técnicas, humanas, financeiras, com um plano de base que vise a formação de públicos diversificados, teremos um edifício fechado na maior parte do tempo, com um programa sujeito à oferta ocasional, ou, no pior mas mais credível dos cenários, ao serviço do gosto bacoco e novo-rico dos musicais e revistas na moda ou das propostas alarves dos programas de recreação à maneira da SIC ou da TVI, tão ao gosto do "povo", como se diz, que tem costas suficientemente largas para ter que aguentar com o que lhe querem oferecer.
    Não estou a defender o meu gosto, que provavelmente só mereceria também o interesse de muito poucos, mas a chamar a atenção para a necessidade da criação de uma estrutura profissional, que garanta que os dinheiros públicos sirvam a promoção da cultura e nos torne cidadãos mais capazes.

Mas não tenhamos ilusões. Apesar de tudo, este edifício não vem suprir a necessidade de um auditório, a articular com uma estratégia ligada à indústria turística, de vocação científica e cultural, a apoiar conferências, encontros, sessões de estudo, em ligação com o Instituto Piaget, os pólos universitários locais, o Centro de Estudos Luso-Árabes.

A cultura não se pode confinar ao mero consumo. Há que apoiar e incentivar a fixação de profissionais nas várias áreas de expressão cultural e nas tecnologias associadas, fomentando a formação e a produção, tornando o acto cultural uma prática que, desde as escolas, chegue às famílias e envolva o tecido social, mudando mentalidades e contribuindo para o progresso social, a par do desenvolvimento económico.

4 comentários:

hfm disse...

Parabéns pelo teatro!
Quanto ao resto, amigo, vou citá-lo "A cultura não se pode confinar ao mero consumo."
Um abraço

Anónimo disse...

Tou com curiosidade...Tive amigos que procuraram convites/bilhetes, mas a resposta foi..."Só pra convidados e elite"
Talvez em 2000 e troca o passo os silvenses possam assitir a eventos no seu teatro.
Vitah

Der@ disse...

Estive uma vez nesse bonito teatro antes de ter sido recuperado. Interrogo-me eu também, à semelhança do António, sobre o que fazer com espaços destes quando a cultura no Algarve continua a ser tratada de forma ocasional/sazonal? Em Faro, por exemplo, vai suceder um fenómeno curioso e talvez triste. Foi inaugurado um espaço capaz e moderno. E o que vai acontecer agora ao Teatro Lethes numa terra de magros espectáculos mesmo em ano de CNC? Corre-se o risco de um sério, lento e preocupante abandono.

Anónimo disse...

Sim realmente foi uma vergonha....convites SÓ para a elite????? Mas o que é isto??? então e o povo silvense....