segunda-feira, outubro 17, 2005

Não posso adiar o coração

Em 17 de Outubro de 1924 nascia, em Faro, António Ramos Rosa.

Hoje, em jeito de homenagem, acrescento à minha compilação (ao fundo desta mesma página), o poema que, muito provavelmente, é o mais conhecido e divulgado de toda a sua vasta obra.

  • Não posso adiar o amor para outro século

    Não posso adiar o amor para outro século
    não posso
    ainda que o grito sufoque na garganta
    ainda que o ódio estale e crepite e arda
    sob montanhas cinzentas
    e montanhas cinzentas

    Não posso adiar este abraço
    que é uma arma de dois gumes
    amor e ódio

    Não posso adiar
    ainda que a noite pese séculos sobre as costas
    e a aurora indecisa demore
    não posso adiar para outro século a minha vida
    nem o meu amor
    nem o meu grito de libertação

    Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa
Viagem através duma nebulosa (1960)
Antologia poética
Publicações Dom Quixote, Lisboa 2001

4 comentários:

Paula disse...

Gostei muito do blog e do poema!

HFR disse...

António: ainda bem que escolheste este poema para lembrar o aniversário do "nosso" Ramos Rosa. Estou a ouvi-lo na voz da minha amiga Viviane, no cd do projecto "Linha da Frente". Abraço.

hfm disse...

Bela homenagem.

Canis Lupus Horribilis disse...

Por acaso comprei no dia 12 de Outubro um livro dele para oferecer à madrinha do meu filho no dia seguinte como prenda de aniversário e ela adorou!
Abraço.