quarta-feira, abril 12, 2006

Cada palavra

O Fernando Gregório, de Portimão, poeta e amigo com quem me cruzo no que, por vezes, vai sucedendo na cultura que aqui se faz ou que por aqui passa de visita, costuma oferecer-me poemas. E eu gosto de ser assim presenteado.
Com a sua expressa autorização apresento-vos este seu inédito.

  • Cada palavra

    Cada palavra pertence à dureza da pedra
    No entanto o sangue sempre a tinge.

    E quando as horas correm como a água
    Sentimo-nos reféns daquilo que dizemos.

    Dá-me pois um arco e uma flecha rápida
    Para que possa atingir a maçã dourada.

    Para que possa em silêncio provar finalmente
    Um céu anterior ou posterior às palavras.

    Dá-me uma espada que dilacere as sombras
    Que anoitecem os idiomas alterando os seus sentidos.

    Dá-me agora a limpidez de cada palavra
    Antes que tudo se possa explicar pelo silêncio.

Fernando Gregório
Abril de 2006

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