O Fernando Gregório, de Portimão, poeta e amigo com quem me cruzo no que, por vezes, vai sucedendo na cultura que aqui se faz ou que por aqui passa de visita, costuma oferecer-me poemas. E eu gosto de ser assim presenteado.
Com a sua expressa autorização apresento-vos este seu inédito.
Cada palavra
Cada palavra pertence à dureza da pedra
No entanto o sangue sempre a tinge.
E quando as horas correm como a água
Sentimo-nos reféns daquilo que dizemos.
Dá-me pois um arco e uma flecha rápida
Para que possa atingir a maçã dourada.
Para que possa em silêncio provar finalmente
Um céu anterior ou posterior às palavras.
Dá-me uma espada que dilacere as sombras
Que anoitecem os idiomas alterando os seus sentidos.
Dá-me agora a limpidez de cada palavra
Antes que tudo se possa explicar pelo silêncio.
Fernando Gregório
Abril de 2006
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