segunda-feira, maio 22, 2006

Finalmente, a Orquestra do Algarve em Silves

Desde 2003 e, mais recentemente, em Março passado, que venho manifestando o meu desagrado pela falta de apoio solidário da Câmara de Silves para com a Orquestra do Algarve e a ACTA, a Companhia de Teatro do Algarve, duas instituições culturais representativas da nossa região.
Finalmente pude regozijar-me com a presença da Orquestra do Algarve na minha cidade, em três concertos patrocinados pela Caixa Geral de Depósitos, o último dos quais na antiga Sé Catedral.
Orquestra do Algarve na Sé de Silves, Maio 2006, © António Baeta Oliveira
A foto, discretamente batida com a câmara do meu telemóvel, reproduz o momento que antecede a entrada do maestro, após o intervalo, num momento em que os músicos se preparavam, colocando as partituras em posição e verificando a afinação dos seus instrumentos.
O concerto atendeu à especificidade do público, com duas peças de Mozart, uma antes e outra depois do intervalo, agradando com uma melodiosa serenata e uma sinfonia quase dançável. Shostakovich foi no entanto o "prato" forte, com o seu Concerto nº 1, a que os dois solistas, em piano e trompete, emprestaram um brilhantismo de grande soirée.
O concerto terminou com um encore, assinado por um compositor brasileiro, de que não fixei o nome, e que encheu de alegria o público presente, que se identificou facilmente com o ritmo vibrante da música brasileira e a melodia de sabor nordestino.
Só uma orquestra regional, conhecedora do seu público, pode prestar este serviço de proximidade quase didáctica junto de quem lhe compete servir, o que não se passa com uma outra qualquer orquestra, que daria em Silves, com a mesma frieza ou o mesmo alento, o concerto que eventualmente dera em Lisboa, na Gulbenkian ou na Culturgest.

Resta-me deixar um recado à Câmara Municipal de Silves, se porventura não procedeu da forma que vou indicar: "não esqueçam, de entre todos os munícipes, de um convite muito particular a todos os que se dedicam à execução musical e estou a referir-me muito especialmente aos músicos que integram a Banda da Sociedade Filarmónica Silvense, despertando os jovens para mais altos voos, para os quais, entretanto, Silves ainda não tem oferta. A Cultura não se pode confinar simplesmente ao consumo; há que garantir a sua produção."

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