Omar Khayyam, poeta persa do século XI, cantor do amor, do vinho e das rosas de Khorassan (sua província natal), é o autor de Robaiyat (quadras).
A existência do Robaiyat chegou ao meu conhecimento através de Samarcanda, uma obra de Amin Malouf, que o meu amigo Manuel me tinha emprestado.
No decurso de conversas tidas com o Manuel e outros amigos e amigas, a este propósito, uma delas descobriu, entre os livros do seu sogro, uma velha edição, de 1926, traduzida por Gomes Monteiro. Recuperei-a para oferecer ao Manuel, em duplicado, por necessidade de composição e pensando guardar um exemplar para mim. Essa amiga solicitou outros e outras para a produção de uma encadernação, forrada a veludo, em cuja capa foi colocado um bordado, a ponto de cruz, produzido expressamente para o livro (notem-se as referências gráficas ao vinho, ao amor e às rosas).
O produto final foi oferecido ao Manuel, pelo seu aniversário e, numa outra ocasião festiva, que não recordo qual, recebi eu um idêntico exemplar, elaborado a partir das páginas duplicadas a que atrás me referi e que me tinham dito ter ficado danificadas durante o corte na guilhotina.
Já lá vão quase dez anos sobre estes acontecimentos, que agora recordo com saudade e emoção.
Pensei trazer a este blog alguns destes poemas, mas a minha ligação ao livro é de tal modo afectiva que não resisti a contar a história que envolve o seu conhecimento e a sua posse.
Deixo-vos hoje com duas quadras, do 1º capítulo, dedicado às Rosas de Khorassam.
A pé! porque a manhã clara
já deu sinal de largada
às estrelas sonolentas
com a sua funda doirada.
E o Caçador Oriental
- vede - prendeu, mesmo agora,
o mirante do sultão
no róseo laço da aurora.
Sem comentários:
Enviar um comentário