sexta-feira, outubro 24, 2003

Silves conjuga-se em tempo de Outono

Este meu texto é dedicado ao mais outonal dos blogs que conheço.
Little Black Spot, pairando sempre numa inconsistência nebulosa, iria dizer nocturna, mas antes crepuscular, quando tudo se parece esvair num adormecimento doce, lento, quente. Há também sempre presente a solidão, talvez melhor, uma ausência, que parece desejar-se permanente, continuada, alimentando o sonho de um dia que não acaba e resta, eternamente, à espera de um novo sol que não virá.

No Algarve o Outono chegou mais tarde. Só agora começam a reunir-se as marcas que um dia me sugeriram o texto que hoje quero oferecer à autora de Little Black Spot - "um ponto negro emerge da escuridão":


  • As minhas mais remotas memórias dos primeiros tempos da minha adolescência, quando já me começo a reconhecer como um rapazinho, têm o cheiro da terra molhada após as primeiras chuvas, o aroma da azeitona a caminho do lagar, os odores da castanha assada ou do óleo das "farturas", envolvidos no bulício e nas novidades da Feira de Todos-os-Santos, o prazer de ficar na rua a brincar e ser surpreendido pela noite, que chega mais depressa, a magia do acender da iluminação pública... tudo como se o tempo parasse, se suspendesse e eu me quedasse num limbo, numa outra dimensão.


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