quinta-feira, abril 08, 2004

Um roteiro natural do concelho de Silves

De certo modo como que divulgando a existência recente da publicação em título, editada pela Câmara Municipal de Silves, quero deixar-vos um pequeno excerto de um dos percursos propostos por António Pena, o autor deste trabalho:

  • A Serra
    Silves - Falacho de Cima (Centro Cinegético) - Herdade de Vale de Parra - Talurdo - Sapeira - Benafátima - Vale de Touriz - S. Marcos da Serra - Boião - Azilheira

    Deixamos Silves e rumamos a Norte. Assim que saímos da cidade com os seus mimosos pomares de laranjeiras e a sua base rochosa de uma tonalidade avermelhada (o grés), entramos numa paisagem xistosa, monocromática, uniforme, composta por cerros arredondados revestidos pelo esteval. Passámos do Barrocal à Serra que fica às portas da cidade. A transição é rápida, abrupta, quase "chocante". Logo no início aparece-nos a ribeira do Enxerim. Foi aqui que observámos a monarca (Danaus plexippus), esse belo lepidóptero diurno de grandes dimensões, de origem americana e que provavelmente já se fixou no Algarve. Junto às margens da ribeira, ocorrem o oloendro (Nerium oleander), a tamargueira (Tamarix africana), o murrião-perene (Anagallis monelli), a bela-luz (Thymus mastichina) e o rosmaninho verde (Lavandula viridis). Na zona observam-se ainda animais como a cotovia-do-monte (Galerida theklae), o cartaxo-comum (Saxicola torquata), o trigueirão (Miliaria calandra), o picanço-barreteiro (Lanius senator), o sardão (Lacerta lepida) e a cia (Emberiza cia). Se olharmos com atenção para as pedras que emergem do leito da ribeira, descobriremos dejectos da lontra (Lutra lutra), indicadores seguros da sua presença. No inverno, o esteval acolhe ainda tordos (Turdus philomelos/iliacus), o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) e a ferreirinha (Prunella modularis). Antes de prosseguirmos poderemos subir a um cerro próximo e desfrutar um pouco do panorama. Para Norte-Noroeste surge a imponente serra de Monchique a fechar o horizonte. Em direcção a nascente sucedem-se os cerros de xisto, que lembram gigantescos montículos de toupeira, carecas ou cobertos de esteva (Cistus ladanifer). Para Sul, Silves e o Barrocal com os seus geométricos pomares de citrinos. Para Sudoeste, ao longe, Portimão.
    (...)


Fica aqui esta sugestão para o fim-de-semana da Páscoa.

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