A abrir este mês de Abril quero, num só poema, homenagear Nuno Júdice, através da sua homenagem a Ibn 'Ammar. São dois poetas do meu Algarve, que o tempo separou por mais de 900 anos.
Ben Ammar, de Silves (m. 1086)
Canta, como sombra, uma cidade
que já não existe; e os seus versos dirigem-se
à mulher mais bela do mundo, de
quem não ficaram outras memórias
nem retratos. Mas as suas palavras
talvez cheguem
para que adivinhemos o paraíso:
palácios onde a água corria nos pátios,
e o quarto onde a amada descobria o rosto,
perante o espelho, resistindo à tarde
que a empurrava para a varanda,
e os risos cúmplices do namoro,
fingindo ignorar esse poeta que a persegue,
como gazela, tentando prendê-la
à página. Ali, branco no branco
e preto no preto, liberta da efemeridade
da vida, a vou encontrar: sem nome
nem idade, flor eterna
no jardim sem inverno dos amantes.
O Movimento do Mundo
Livros Quetzal, Lisboa, 1996
6 comentários:
bela homenagem a dois poetas de que gosto!
António: conheces, do N.J., O Estado dos Campos? É um belíssimo livro. (Tenho para empréstimo...)
Tenho de N. J. a poesia reunida entre 1967 e 2000, mas o "Estado dos Campos"..., não. Sei que virás amanhã ver-me no teatro. Telefona-me, e se vieres cedo podemos jantar; cedo, porque não quero entrar em cena de barriga cheia e sem lucidez. entendes?!
Um abraço.
Sou assíduo desta página e tenho-a nos meus links. Já agora dêem uma olhadela ba minha em albertovelasquez.blogspot.com
Se acharem q tem qualidade peço-vos que adicionem o link para maior divulgação. Obrigado
António: então, se Deus quiser, até logo...
ALERTA GERAL: POR FAVOR VEJAM ISTO: Ok, ok... nós já sabiamos, mas... ( NO VIZINHO) www.vizinho.blogspot.com
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