É este rio Arade o protagonista de uma das primeiras, senão mesmo da primeira referência escrita sobre Silves, onde se relata a chegada do sábio Algazalí para tomar uma embarcação, que aqui fora preparada para o conduzir em embaixada ao rei dos normandos (séc. IX); o que pressupõe a existência, à época, de estaleiros navais.
Antes, muito antes da presença árabe, ainda na Idade do Bronze, povos do mediterrâneo sulcaram este rio e, no sítio da Rocha Branca, mantiveram um porto e uma feitoria cujo nome teria dado origem ao actual topónimo - Cilpes. Foi o Arade via privilegiada de contacto com todos os povos que, sulcando o Mare Nostrum, se dirigiam para cá das "Colunas de Hércules". Foi este Arade via de comunicação cosmopolita ao tempo da época mais grandiosa desta شلب (Xilb), nos séculos XI e XII. Foi por esta via que saiu o saque dos Cruzados que apoiaram D. Sancho na sua conquista.
É já na época portuguesa que surgem as primeiras referências ao seu assoreamento, até dele só restar este braço de mar, alimentado pela maré, onde com dificuldade chegam alguns barcos, de baixo calado, e que aqui se quedam com alguns turistas que terão que regressar a Portimão antes que a maré comece a baixar. Nos anos 50 ainda por aqui acostavam barcaças que transportavam a cortiça até ao cais de Portimão, mas já então aproveitando a enchente para subir e a vazante para descer.
Hoje, o Arade é este fiozinho de água na maré baixa, a permitir ao proprietário do barco o transporte do seu motor, a vau, sem sequer molhar as calças, protegidas pelas botas de borracha.
É o desassoreamento do seu rio e a sua navegabilidade, sem esquecer a necessária despoluição, a aspiração mais antiga, mais prometida e há mais tempo aguardada pelos silvenses do nosso tempo.
Quanto às benfeitorias, todos sabemos da importância da penetração turística, da vitalização das margens, do desenvolvimento económico, que deveremos saber fazer acompanhar do desenvolvimento social.
Com o intuito de chamar a atenção dos que detém o poder de decidir sobre o desassoreamento do Arade (Governo, Presidente da República, Assembleia da República, CCDRAlgarve e IPTM), está activa uma petição, no endereço que se segue - www.petitiononline.com/silves06/petition-sign.html (basta clicar para aceder ao local).
Fico a contar com a sua assinatura, mesmo que não seja silvense, nem morador da bacia hidrográfica do Arade, mas que tenha sido sensível à agonia deste rio.
P.S.
1. Quem ontem acedeu ao Local & Blogal às 18h45, através da Telepac e com o endereço de IP 85.240.209.#, foi o 50 000º visitante.
2. Apoiando a Petição pelo Desassoreamento do Rio Arade, o blog CONTRASENSO, de Helder Raimundo, está a publicar um "folhetim".
3. Solicita o promotor da petição pelo desassoreamento do rio Arade que os novos subscritores façam figurar o BI em vez de País/Cidade, usando como exemplo a 90ª assinatura.
Mais informação para os que já assinaram, aqui.
16 comentários:
Caro Toy, já assinei a petição, com muito gosto. Um abraço.
Outro abraço, Torquato.
Gosto da forma como te dedicas às causas. Um abraço.
Não as identificaria como minhas causas se assim não fosse.
Um abraço, Helena.
Obrigado Toy, pela ajudinha. O Arade agradece. Gostei muito do texto que escreveste (até me fez pele de galinha), e fazia até falta, dado o teor formal do da petição.
Já o Helder Raimundo, em Contrasenso deixou um novo link.
Quem agradece sou eu, pela iniciativa.
Um abraço, Manuel.
Boa iniciativa suportado por um excelente texto.Um abraço do Edmundo Estrela
Vai uma abraço de volta; o meu é maior que o teu.
Já assinei e todos somos poucos para levar para a frente a moção.
Abr
Pedro
Já tinha visto o teu nome na lista.
Um abraço.
Tambem já votei...não fosse eu ter uma costela silvense.
Bjokas
"Toca e passa outro", lembras-te?
Então passa a outro.
Um abraço.
Assinei com todo o gosto em ajudar!
Bjks da Matilde
Obrigado, Miguel.
Um beijo à Matilde.
Obrigado, António, pela correcção a respeito da petição, para a qual peço a atenção dos primeiros assinantes. Toda a vereação camarária silvense assinou (ainda à maneira antiga, o que não é culpa sua), o que é de assinalar!
Não há que agradecer, Manuel.
O Arade é uma causa pela qual vale a pena lutar.
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