segunda-feira, abril 26, 2004

Mordomias da GNR, 30 anos depois

O meu post de hoje é local (e blogal), mas denunciador de uma atitude que, estou certo disso, se identifica com muitas outras, de diversas proveniências, por todo o nosso país.

Armação de Pêra, 25 de Abril de 2004 © António Baeta Oliveira
O acesso a este local, no interior da Fortaleza de Armação de Pêra - onde se situa um quartel da GNR -, é interdito.
A sua interdição manifesta-se pela presença de uma placa de trânsito proibido, com uma chapa anexa que refere "excepto viaturas da GNR" (O verso da placa não possui qualquer referência à norma legal que autorizou a sua colocação e a da chapa anexa).
Fortaleza de Armação de Pêra, 25 de Abril de 2004, © António Baeta Oliveira
Qualquer uma das fotografias comprova a presença de viaturas "civis", estacionadas sob sombras muito convenientes, e pude eu próprio constatar que uma delas era conduzida por um agente da GNR, se bem que numa viatura "civil".

O meu ponto de vista ainda poderia admitir que o "jeep" pudesse estar ali estacionado, à sombra, por necessidade urgente de serviço, mas acontece que no exterior da fortaleza há espaço de estacionamento, não necessariamente à sombra, que poderia perfeitamente ser reservado para as viaturas da GNR, como acontece noutros locais e até com diversas instituições públicas.
O interior da Fortaleza, onde se encontra a Ermida, é um espaço público de lazer, um adro, debruçado sobre o mar, onde crianças e idosos se deveriam sentir sem o incómodo da presença de viaturas. É que para ali estacionar é preciso circular e qualquer cidadão, eventualmente atropelado, não poderia sequer defender-se com a "zebra" de uma travessa para peões.

Qualquer um de nós, mesmo em serviço público, não dispõe de medidas excepcionais para estacionar junto ao seu local de trabalho, muito menos num espaço como este, à sombra, e com a aliciante de aqui poder deixar a sua viatura para, em calção de banho, ou mesmo em bikini se se tratasse de uma agente da GNR, descer calmamente para uma banhoca na praia.

Prepotência, corporativismo, má formação, falta de sentido cívico?
Aqui fica a denúncia de uma situação verificada na tarde do dia 25 de Abril de 2004.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um abraço e parabéns pela coragem de levantares essa "lebre", em que eu já reparara e que é uma autêntica vergonha, bem denunciadora da situação em que continuamos a viver, trinta anos depois de Abril.

Anónimo disse...

Com Abril ou sem Abril é apenas uma questão de bom senso, sou também frequentador da Fortaleza e aprovo o que aqui se disse sobre o assunto. O caso exposto é mais grave durante os meses de verão onde em Armação de Pêra é impossivel estacionar, mas existem alguns "cidadãos" que estando a banhos nestas paragens, furam todo o sistema e com a conivência da GNR, estacionam o seu carro privado e por vezes atrelados de barcos e motos de água, precisamente dentro do Monumento. Não querendo afirmar que são os próprios militares que promovem essa situação em proveito próprio, ou do seu amigo apenas digo que isto não está nada bem não senhor.

Anónimo disse...

Se "mordomia" é o privilégio do administrador da casa ( domus ), que mal haverá no facto da "guarda" guardar para si e para os outros de si, a propriedade do dono? Não é isso a regra, a tradição, neste Portugal pequenino e inveja? Então, não seria escandaloso um funcionário da EDP pagar electicidade como qualquer mortal? Um funcionário da CP, mulher, filhos, genros, noras e o animal de estimação, viajarem em 2ª, a preços de via reduzida, como qualquer cidadão não qualificado? Não têm direitos adquiridos os oficiais do nosso prestável exército a um "impedido" para fazer o serviço de fora da mulher do "mê" major? Com tantas carrinhas na parada, a estragarem-se, ao sol, à chuva, sem uma grerrazinha para espairecer, é justo que o meu sargento vá alugar um meio de transporte para levar a tralha para a nova casa nas Avenidas Novas? Parvos! fcr.

Anónimo disse...

Concordo que tal facto por si seja susceptivel de reparo.Mmas meu caro, há tantas coisas piores que sucedem não só em Armação de Pêra como no resto do país que relegam essa questão para um plano quase corriqueiro. Deixe lá os homens estacionarem os carros onde bem lhes apetece que eles são felizes assim.