Sou português, mas sinto-me mais um homem do Mediterrâneo, de qualquer lugar da sua orla, do que propriamente um europeu do norte ou do centro-norte.
Sinto-me assim, mas pouco tenho a ver com o Portugal de que irão falar amanhã ou com a Europa, a propósito da qual irão tentar encher-me os olhos e os ouvidos durante o próximo fim-de-semana.
Chegarão mesmo a falar dela; dessa Europa da qual nada têm dito? Estou em crer que o tema deste final de semana incidirá sobremaneira no tal Portugal em que me não revejo, protagonizado pelos que fazem este Portugal de que não gosto.
quarta-feira, junho 09, 2004
Há um Portugal de que não gosto
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18 comentários:
G. Grass, o do Nobel e tudo, disse, tudo menos arranjarem esta rua, quero este cantinho do mundo, tão lindo, tão atrasado, tão pitoresco! E lá ficaram as pedras, a lama e pó. Eu não quero este Portugal, encolhido, para os grandes deste mundo passarem férias num país exótico, sem sair de casa, eu quero essa Europa que inventou a paz, a Europa entrelaçada por Schumam e Monet, a Europa da democracia e não salpicadas de ditaduras... Portugal de que eu gosto é o Portugal de estradas e não de caminhos emlameados, do TGV e não do burro e da carroça, de três refeições por dia e não só, e sempre, pão e azeitonas, de máquinas e não já o músculo do homem e o suor da mulher a ceifar o Alentejo, um Portugal que preserve a sua cultura, não diluído na Europa, mas singular na diversidade, numa Europa de "todos iguais, todos diferentes". Este Portugal de que eu gosto faz-se participando e não só olhando o mar.
Ei, Francisco, o que por aí vai! Eu sou um homem do meu tempo e das novas tecnologias, até das "estradas", se bem que atento aos seus impactes sobre a natureza e o património e consciente da escassez dos recursos.
Se me sinto mais próximo de um espanhol, de um italiano, de um marroquino, de um grego, de um egípcio ou ainda de um bósnio ou de um libanês e menos de um sueco, de um dinamarquês, de um estónio, ou mesmo de um russo ou de um eslovaco é uma questão de idiossincrasia e de afinidade que nada tem a ver com as "salpicadas ditaduras" ou até com o Berlusconi, nesta nossa orla mediterrânica.
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O que me desgosta e do que me queixo é da "berlusconização" que se adivinha na apetência e concentração empresarial em torno dos "media", na promiscuidade entre o poder político e o económico, na corrupção e nos jogos de favorecimento, na relação do poder com este mundo do futebol-espectáculo, empresarial.
Berlusconis já por aí há em abundância no poder autárquico, falta agora a personalidade ou o seu títere de expressão nacional.
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Eu participo e olho o mar.
Participo activamente, creia-me, mas não confundo participação com militância partidária e não estarei disponível para avalizar, com o meu voto, qualquer partido que me peça o apoio a figurões em vez do apoio a ideias e opções.
Isto não passa de um esclarecimento e de uma troca de ideias.
Um abraço.
"essa Europa que inventou a paz"???
Espantoso! Assim se reescreve a História.
A Europa nunca inventou a Paz. A Europa começou a ser derrotada do Dia D quando as forças democráticas a invadiram e começaram a derrotar os impérios centrais.
Esquecemo-nos demasiado facilmente, de que a França (governo de Vichy) era aliada da Alemanha. E o tal Schumam era secretário de estado do Governo de Vichy.
Deixemo-nos de "fitas". Não h´´a diversidade na União Europeia. A UE é a herdeira dos impérios napoleónicos, do Sacro Império FRanco Germânico, do II Reich.
A UE é o IV REich, é a continuação da II Guerra por outros meios, a UE é que é o verdadeiro inimigo a abatar!
A irritação com que escrevi a minha mensagem deixou passar vários erros:
Onde está:
Não h´´a diversidade na União Europeia.
deve ler-se:
Não há diversidade na União Europeia
E onde está:
FRanco Germânico, do II Reich.
deve ler-se:
Franco Germânico, do III Reich
E por fim, onde está:
A UE é o IV REich, é a continuação da II Guerra por outros meios, a UE é que é o verdadeiro inimigo a abatar!
deve ler-se:
A UE é o IV Reich, é a continuação da II Guerra por outros meios, a UE é que é o verdadeiro inimigo a abater!
Lamento os erros.
Desta vez estou com Schumpetter:
"Small is beautiful"Cumprimentos do Helder.
Ei, António o que aí vai! Eu fiz um comentário ao seu texto "Portugal de que não gosto". Foi isso que me pediu.. "Pareceu-me" que desdenhava da Europa e deste Portugal a votos pela Europa, em tempo de eleições "europeias". Era disto que se tratava. Eu também não gosto deste Portugal pequenino, e adiro a tudo que acrescenta a comentários de comentários, nomeadamente, à "belusconização" dos media, .à "jardinização do poder político, à "lourização" do Futebol, e, por isso, ajo com os meios ao meu dispor, com absoluto respeito pelas opções dos outros. Um abraço. fcr
Francisco. É conversando que a gente se entende.
Obrigado pelos contributos da jardinização e da lourização.
Reforço o meu abraço.
Nem sempre "small is beautiful". Eu quero um Portugal de mini saias, um Portugal de Manoel de Oliveira, de Serralves ou Casa da Música. Quero um Portugal aberto ao mundo e às multiculturas do mundo, amplo e arejado, de sabor a maresia e salpicado de papoilas. Nunca a mesquinha pequenez que tem caracterizado Portugal do próximo ontem. Cumprimentos .Cristina.
Temos de acreditar que este país, não será o da "jardinazação" ou da "loureirização" o da "belmirização" já sem falar noutros que de tão fugazes e mesquinhos nem a história lhes guardará memória..
No entanto, todos eles nos devem lembrar o nosso dever de participação, pois só temos o país que temos porque muitos não participam, deixando espaço para a radicalização do discurso, da acção e para outros sentires muito pouco próprios da condição humana.
Talvez um dia esta "Jangada de Pedra" encontre a sua "ilha dos amores"...
Até lá teremos que combater os monstrengos, como o fazia o homem do leme ( o de Pessoa) e que dizia:
"Aqui ao leme sou mais do que eu...
Sou um povo que quer o mar que é teu...
E mais que o monstrengo que minha alma teme
e que roda nas trevas do fim do mundo
Manda a vontade que me ata ao leme d'El Rey D. João II !..."
Mas julgo que o António falava da nossa casa comum europeia, da construção de uma Europa do Atlântico aos Urais, de um espirito de partilha e solidariedade que é comum a todos os povos e que se pode manifestar em cada uma das actividades de cooperação europeia que se desenvolvem nas nossas escolas ou na sociedade civil.
Quando (e particularizando...) se houve que um projecto se devia chamar " Não apenas água... mas também amizade" ou que "gregos e portugueses, mais do que amigos se sentem irmãos..."
Penso que sentimos que estamos mais perto da construção de uma identidade europeia, de um sentir comum que valorize as identidades locais nesta Europa das regiões...
um abraço de Ouguela do tamanho do mundo...
ouve (e não houve...)
:-(
Respondo ao raio, opiniões meramente subjectivoas, e ainda por cima irritadas, sem suporte científico, são tão absurdas quanto a minha. Ao menos, a afirmação "a Europa que inventou a paz" funda-se numa operação aritmética que se aprende nos 1ºs anos de escolaridade básica: nunca, contados só os últimos 100 anos, houve, em solo europeu, um período tão longo de paz, afora as recentes guerras étnicas, circunscritas, dos Balcãs ( 59 anos! ). Paz armada, mas paz. As nações que fizeram as duas últimas drandes guerras não farão a 3ª, dados os laços económicos que as unem. Reescrever a História com nºs é honestidade intelectual. Reescrevê-la com opiniões é fraude. fcr
As minhas opiniões não são subjectivas e até têm suporte científico.
Realmente nos últimos cem anos houve um grande período de paz na Europa.
Esse período foi devido à guerra fria, à NATO e ao Pacto de Varsóvia.
Logo que a guerra fria e o Pacto de Varsóvia acabaram recomeçaram as guerras (ex-Juguslávia). Mais, estas guerras foram potenciadas pela Alemanha que levou a UE atrás e mais tarde até os Estados Unidos.
Isto não são opiniões subjectivas, são factos.
Quanto às nações que fizeram as duas últimas guerras, creio que te referes à Alemanha e à França. É falso. Já li muito livro e consultei muitos jornais e revistas da época. Hitler tinha grande popularidade na França de então que o considerava como o único homem capaz de meter os comunistas na ordem.
(continua)
(continuação)
Havia em França milícias armadas da extrema direita "Les croix de Feu", o filme "O triunfo da vontade" de Leni Riefenstahl recebeu prémios em França (Marselha se não estou em erro), etc.
E, França era governada pelo Regime de Vichy, um regime de extrema direita aliado de Hitlar.
O considerar-se França como potência vencedora da II Grande Guerra foi um método para evitar que a França do pós-guerra caísse nas mãos dos comunistas. A França nem sequer foi nação beligerante!
Quanto aos laços económicos evitarem as guerras, lembro que existiam grandes laços económicos entre as repúblicas juguslavas, o que não impediu uma guerra fraticida.
O facto sobre que assentou a frase "espantosa", 59 anos de Paz, armada de Nato e Pacto de Varsóvia, não foi desmentida, apesar de tantos livros e revistas lidos. Tudo o resto são considerações marginais, que não estavam em causa. Só mais uma nota, depois do que me silencio: não são comparáveis a situação actual da Franã e Alemanha com a da ex-Jugoslávia. Esta era um Estado fabricado, amálgama de povos, submetidos a jugo férreo, mal a canga aliviou, ressuscitaram os sentimentos nacionalistas, muito mais fortes que os laços económicos. Diferentemente, o caso da França- Alemanha, saídas de uma guerra, cansadas de dois incêndios que devoraram o mundo, apostadas, agora, na paz e nos meios de a preservarem. fcr.
e ninguém é contra a loucinização de portugal ??? :-(
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