terça-feira, junho 29, 2004

A invídia

Lamentava, outro dia (Junho 23, 2004), o desaparecimento de José Carlos Barros e a ausência da sua escrita em Um pouco mais de Sul, onde assinava como jcb.
Sensível a esse meu lamento ofereceu-me um poema inédito, que me dedicou:

  • A invídia
      Para o António


    Nunca adormeças à sombra das figueiras quando
    Todo o seu esforço se concentra em retirar da
    Luz da tarde as mais pequenas
    Vibrações do ar: nesses instantes pode

    Acontecer que os teus nomes e o da água do poço
    Se confundam ou multipliquem numa aritmética
    Sem retorno e só com as últimas manhãs de
    Novembro te seja possível regressar ao alpendre

    De onde saíras para adormecer à sombra das figueiras
    Ignorando que nada podia proteger-te da
    Excessiva luz do meio dia, do logro, das antigas
    Promessas de felicidade e da invídia.

            Cacela, 23 de Junho de 2004

P.S. Já me ofereceu um segundo poema, que prometo publicar brevemente.


1 comentário:

Anónimo disse...

Belo poema! fico à espera do próximo.