quinta-feira, julho 15, 2004

De um lugar que sei

Fiquei encantado com a leveza com que o poema flui e, depois, o tema e o tom, de sabor andalusino.
Não resisti a pedir autorização ao autor para o publicar aqui e incluo ainda esta sua marca pessoal, que tem a ver com o processo de construção do poema - o rascunho.

Obrigado a, © as musas esqueléticas.

  • DE UM LUGAR QUE SEI

    Queria mostrar-te os árabes
    há mil anos ali. Fingem que estão
    mortos para todo o sempre,
    quando a água como o tempo
    nos lembra que somente dormem
    entre sombras e aragens de verão,
    uma imagem de oásis,
    uma ideia romântica
    com que fugimos às dores do mundo
    em parto com certeza demorado.
    Mesmo assim dormiriam, aceitemo-lo,
    e a lenga-lenga, a música
    da voz dos seus poetas e alaúdes
    seria o que quisesses, se estariam
    ali para atrair os teus ouvidos
    com música cristã, gazela esguia.

    © as musas esqueléticas

      Rascunho 13.7.04

        Queria mostrar-te os árabes
        há mil anos ali. Fingem que estão
        mortos para todo o sempre,
        quando a água como o tempo
        nos lembra que somente dormem
        entre as sombras e aragem aragens de verão,
        uma imagem de oásis,
        uma ideia romântica
        com que fugimos ao mundo em convulsões às dores do mundo
        num em parto com certeza demorado.
        Mesmo assim dormiriam, aceitemo-lo,
        e a lenga-lenga, a música, a monorrima
        da voz dos seus poetas e alaúdes
        seria o que quisesses, se estariam
        ali para atrair, gazela esguia,
        com música cristã, os teus ouvidos.
        ali para atrair os teus ouvidos
        com música cristã, gazela esguia.


P.S. - Não termino sem antes vos dar a conhecer O Monstro das Bolachas, na forma como o Jaquinzinhos nos faz sentir o peso da burocracia.

P.S.2 - Cheguei agora do concerto dos XUTOS, em Silves.


2 comentários:

Anónimo disse...

Fantástico este MONSTRO DAS BOLACHAS! Quem é que diz que somos um país do 3º mundo? fcr.

Anónimo disse...

António, se estas musas são esqueléticas, que dizer dos anafados círculos do novo logo de Silves? Belo poema sobre o mundo árabe! [A propósitoo, achei que merecerias uma humilde oferta, apesar da minha falta de modéstia. Ora vê o mail!!]
Nota: penso escrever sobre os logos de Slves e Loulé quanto breve!
Um abraço do Helder Raimundo