quinta-feira, outubro 21, 2004

A árvore que sustém o torso humano

João Miguel Fernandes Jorge, que já integra a lista de poetas deste blog, publicou em Jardim das Amoreiras, Relógio d'Água, Lisboa 2003, vinte cinco poemas, de outros tantos estudos anatómicos de Vieira da Silva.

É um desses poemas - para o desenho de um esterno humano, donde irradiam (ou onde convergem?) as costelas - que vos trago aqui:

  • Nesse dia de setembro desenhei a árvore que
    sustém o torso humano; os ramos
    trazem a vibração de um instrumento
    mantêm um som semelhante ao mover articulado
    das patas de uma aranha.

    Parece-me que nos últimos dias
    aprendi muito em relação ao traço que ilumina
    a transparência do desenho
    no conflito que existe entre a
    superfície da morte e a profundidade da vida.

    A grafite, a tinta-da-china observa os
    seus segredos e experimenta o nenhum sentimento
    ao descrever o plano interior das cartilagens
    a pele do mundo sob o que nos move
    ardentemente.



1 comentário:

Anónimo disse...

Belo como são os poemas João Miguel Fernandes Jorge!