quinta-feira, março 10, 2005

Silves e a Orquestra do Algarve


Numa iniciativa da Caixa Agrícola de Messines, a Orquestra do Algarve actuou no concelho de Silves, no âmbito das comemorações do nascimento de João de Deus.

A minha referência a esta actuação da orquestra não foi motivada pela generosa afluência dos messinenses à sua Igreja Matriz, no dia em que se recordou o mais ilustre dos seus filhos, ou até pelo repertório executado, como só uma orquestra regional pode fazer, sabedora que é da forma como agradar ao público que lhe compete servir, pouco informado e habituado às exigências da música erudita: Mozart e Strauss, em temas mais conhecidos e divulgados, como o Danúbio Azul, ou a opção por detalhes de execução que suscitam curiosidade e enlevo, como o pizzicato.

O motivo também não residiu na minha preocupação pela quase total ausência de gente jovem neste concerto, bem como noutras actividades e iniciativas de teor cultural, que não de mero divertimento; preocupação que torno extensível à ausência dos seus educadores, os professores, em número sempre diminuto, o que talvez possa explicar algo sobre o alheamento juvenil ou até sobre o seu próprio alheamento, pois o fenómeno vem-se verificando há algumas gerações.

O facto que me conduziu à redacção deste post foi, antes de tudo, o da inusitada presença da Orquestra do Algarve no concelho de Silves. É que a Câmara de Silves dirige uma das poucas (4 das 16) autarquias do Algarve que não apoia a sua orquestra regional, numa atitude injustificável de quebra de solidariedade institucional, com prejuízo do acesso dos seus munícipes à fruição dos inestimáveis bens da produção cultural.

Já noutra ocasião, neste mesmo blog, sob o título "Silves à margem da cultura regional" - veja aqui - me referi a esta inexplicável atitude de uma câmara municipal que reivindicava para o seu concelho o slogan "Silves, capital da Cultura", quando não "capital da palavra", como o faz agora na última edição da sua agenda municipal, tanto mais quanto esta quebra de solidariedade institucional no âmbito da música se verifica também na falta de apoio à ACTA (A Companhia de Teatro do Algarve), privando os seus munícipes do acesso à sua companhia regional.
E que dizer da recente recusa desta Câmara em aceitar sedear em Silves o Al-Masrah, uma nova companhia profissional de teatro, cujo projecto foi idealizado em função desta cidade, nas suas diversas componentes de formação de públicos, a partir de trabalho junto da população escolar do concelho e que acabou por ser acolhida por Macário Correia no município de Tavira!?

- Ah! As pessoas não gostam; não aparecem.

Como se há-de gostar do que se não conhece?

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