Mudam os homens, mudam as civilizações, mudam também as paisagens e os acidentes geográficos, se bem que estes últimos mudem tão lentamente que me atrevo a afirmar que al-Mu'tamid teria contemplado a seu tempo, como o faço hoje, o mesmo rio, se bem que com maior caudal, as mesmas colinas que cercam a cidade, e uma vegetação, onde abundariam as oliveiras, as alfarrobeiras e as amendoeiras, as hortas e os pomares de laranjeiras, muito provavelmente semelhante à que avisto na actualidade.
Num dos seus mais famosos poemas, "Evocação de Silves", que escreve de Sevilha (onde foi rei), recorda a sua casa, os banhos no rio, os jogos de amor da sua adolescência, com a mesma saudade que eu sinto quando me aparto desta minha terra ou recordo a minha juventude.
Não transcrevo a "Evocação de Silves" por demais conhecida, mas antes um pequeno poema lírico.
Dois séculos antes de D. Dinis e das suas ...flores do verde pinho..., escrevia al-Mu'tamid este poema:
REPELES-ME!
porque deixas minh'alma abandonada?
se a tua ausência é uma longa noite
seja nosso abraço d'amor a alvorada.
ALVES, Adalberto
AL-Mu'tamid, poeta do destino
Assírio & Alvim, Lisboa 1996
AL-Mu'tamid, poeta do destino
Assírio & Alvim, Lisboa 1996
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