É raro, pois sou daqueles que acorda quase sempre com boa disposição ou, se assim não for, com a exteriorização do que se convencionou chamar de boa disposição: cantando, sorrindo, cumprimentando, recebendo com atenção os que me cercam.
Mas hoje, preguiça instalada, comecei com as hesitações do vou-ou-não-vou e acabei por não ir.
Ocorreram-me à mente distantes recordações da velha casa onde passei a minha infância, com as perseguições da minha mãe para que eu tomasse o purgante. O purgante era uma mistela horrível, muito provavelmente à base de óleo de rícino ou algo semelhante, que serviria, penso eu, para combater os oxiúros, as vulgares lombrigas ou ténias. Sei lá!
Será que isso ainda se toma? Estou em crer que não, pois as minhas filhas já usaram uns comprimidos, em número adequado ao peso, e até mesmo o óleo de fígado de bacalhau foi ministrado em cápsulas, e não em colheres, de boca aberta e dedo no nariz para impedir o cheiro nauseabundo de tal coisa.
A memória trouxe-me também algo mais que já me fez sorrir: os velhos tinteiros de porcelana, nas carteiras da escola e os aparos, cujos restos de tinta limpávamos no cabelo. No local onde me dava jeito limpar a tinta, ou na proximidade, tinha eu um tufo de cabelo preto que atribuía à limpeza do aparo. Hoje tenho lá uma pelada e, de cada vez que me deparo com um novo barbeiro, lá terei de contar esta minha anedota.
Sabem o que finalmente me alegrou e recompôs o dia? As belas fotos de Tavira, em Jaquinzinhos, apesar de me terem aguçado o apetite por locais de que estarei privado de usufruir este Verão, a beira-mar, evitando a exposição ao sol, depois de uma exposição ao fogo no passado Carnaval. Azares!
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