sexta-feira, julho 11, 2003

és tu Zé? valsa lenta


"Não temos pátria, temos barbatanas.

Somos um país que não sabe, o hospital é aqui!

De pijama rodopiamos num desnorte que não incomoda.

O nosso espaço é de vidro e tem a turva densidade das águas. Aqui não há esforço porque este mata o passado e condiciona o futuro. Não há sofrimento porque não há direcção e há pouca razão.

Não há alegria, ela existiu pouco e é uma promessa para o "futuro".

Não há som, não há esforço, não há sofrimento, não há alegria... há tudo isto mas dentro, mesclado com a ironia dos sobreviventes e a alegria dos loucos, dos atletas, dos
sprinters que na partida avistam a meta.

A festa é já ali.

Vivemos num tempo de falas guardadas. Afásicos, afísicos, momos letrados e hipotecados (i)letrados, afundamo-nos no conforto das nossas pantufas. Lambuzamo-nos nas ausências e alimentamo-nos das faltas da nossa agricultura de galos de barcelos embolados, porque esquecemo-nos de querer melhor.

... longe daqui tudo isto parece um circo."


Este texto foi extraído do programa de uma co-produção de José Laginha /Coimbra 2003, a que me preparo para assistir na Sexta-feira (11) à noite, em Faro, no CAPa, Centro de Artes Performativas do Algarve.

Trata-se de um espectáculo performativo, no domínio da dança.

Consegui despertar-vos a atenção? Óptimo!


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