quarta-feira, junho 29, 2005

O perfume azul de um corpo adivinhado


  • É talvez uma urna uma lâmpada uma flor
    um vaso de veludo
    uma lança solar
    ou apenas um traço negro em torno
    de um ponto azul

    Algo que não sei
    uma felicidade tão leve tão frágil e tão nua
    o desejo de nomear
    uma pele fresca de lua uma mulher de chuva
    o perfume azul de um corpo adivinhado
    ou um oásis de silêncio a brancura de um lírio
    que nascesse do seio do espaço

    Branca dourada ou transparente
    flexível como a água ou uma folha oval
    apenas esboçada vacilando
    luz misteriosamente pura
    inacessível já voando para o alto

    António Ramos Rosa
    Antologia Poética
    Lâmpadas com alguns insectos (1992)
    Publicações Dom Quixote, Lisboa 2001


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