segunda-feira, junho 13, 2005

Santos Populares

Santo António, Silves, © António Baeta Oliveira

Estão aí os Santos Populares! É tempo de Santo António, prenúncio do Verão. As ruas da baixa comercial da minha terra estão engalanadas, em ar de festa, e as esplanadas começam a agitar-se.
Marchas populares, Silves, Junho 2005, © António Baeta OliveiraAs marchas populares, a noite passada, com o particular empenhamento da 3ª idade, deixaram no ar o sentimento de algum carinho, mas destoaram com o seu ar de marcha lisboeta, solicitando o sacudir da anca e o bater do pé num ritmo serôdio, diria mesmo decadente, fora de época, a contratempo.

Fui de novo a O Grés, um já extinto jornal em que colaborei, edição de Julho de 2000, rebuscar um texto onde percorria as ruas da minha memória por esta altura do ano, numa toada de evocação, bem ao ritmo das marchas populares, de sabor a passado inconsequente.
Cá está ele:


  • Nunca mais vi tal coisa!

    Não sei se se deixou de usar, se se teria esgotado ou, simplesmente, se a minha recordação me engana. O facto é que nunca mais lhe pus a vista em cima, ou melhor dizendo, o sapato.

    Refiro-me a um saibro avermelhado, suficientemente grosso para não fazer pó e suficientemente fino para não sujar o pé. Era com este tipo de saibro que se cobria o piso da primeira parte do jardim (Cancela de Abreu), pois que, a seguir ao coreto, logo depois da porta de entrada para a esplanada do cinema, o piso era de tipo diferente. Era deste saibro, também, o piso do Largo dos Bombeiros, na actual Praça do Município, frente aos Paços do Concelho. O curioso é que só me lembro deste saibro vermelho naquela Praça, quando começavam as Festas dos Bombeiros, pois que até essa data não tenho a ideia de que o piso fosse assim.

    Deixemos estas voltinhas em torno da memória, que todos sabemos ser altamente enganadora e fixemo-nos no Largo dos Bombeiros, em plena época dos Santos Populares. Uma roda gigante, a tômbola, imperava ao centro, ou então era tão importante que parecia central. Compravam-se os bilhetes e aguardava-se a saída do nosso número para obter uma modesta prendinha, que nos enchia de satisfação; não era como agora, onde há de tudo no supermercado. Tábuas corridas serviam de mesas ou se, mais baixas, de cadeiras e ficavam repletas de pratos de caracóis. Iam lá todos, não faltava ninguém. Nenhuma telenovela nos prendia em casa, a deixar a vida a correr lá fora.

    (...)


Sem comentários: