(Foto captada com a câmara do telemóvel, no entardecer do Dia da Cidade, e que intitulei Beirute/Silves)
Na ausência de qualquer informação sobre iniciativas do executivo camarário para o Dia da Cidade, elegi esta foto dos escombros da Avenida sobre o rio, paradigma da actuação desta administração, que dá início a obras cujo fim e finalidade não consegue controlar, num atoleiro que envolve toda a cidade, que aqui descrevi no meu penúltimo post e que o Saco dos Desabafos complementa pormenorizadamente.
As Comemorações do Dia da Cidade, na óptica desta administração camarária, constituem uma jornada em que não participo, e em que não participarei, enquanto o Dia da Cidade for evocado nesta perspectiva redutora e negativista, de "Conquista da Cidade aos Mouros", que pressupõe a inexistência da cidade, dos seus cidadãos e da sua cultura nos séculos que precederam a administração portuguesa. É como um voltar as costas a todas as civilizações que nos antecederam, de Cilpes a شلب (Xilb), e que nos fizeram como somos hoje. É esquecer os intelectuais, os artífices, os cientistas e os poetas, cujos testemunhos permanecem entre nós e que viveram Silves, esta mesma cidade, tanto ou mais intensamente do que vivemos hoje. Os seus inumeráveis vocábulos fixaram a nossa língua, o seu saber e forma de viver integraram os costumes que hoje identificamos no artesanato, no labor agrícola e no controlo da água, esse preciosíssimo bem.
Porquê a primazia destas comemorações no confronto com os mouros, como se os mouros não fôssemos nós, os que nascemos e vivemos neste território, subjugados ao peso da administração islâmica e depois da portuguesa?
Porquê não comemorar o encontro destas culturas, tão patente, afinal, nos monumentos que ainda hoje melhor nos identificam - o Castelo, islâmico, e a Sé Catedral, portuguesa e cristã?!
8 comentários:
O meu aplauso, Toy. Ao que me tenho apercebido, dificilmente se conceberia administração municipal mais inepta do que esta a que a nossa cidade tem estado sujeita desde há uma dezena de anos.
Um abraço.
Cuidado com as lembranças, amigo Baeta, não vá algum cristão iluminado decidir o "restauro" desses monumentos "livrando-os" das influências mouriscas e "devoldendo-lhes" a "pureza" da traça...
Um abraço,
RS
Bela reflexão sobre este tão desumano olhar sobre o nosso património.
Um abraço
O contraponto da beleza é este marasmo cívico e sem gosto. Eu não sei quem são ...mas aposto que diriam que o "dia da cidade é quando um homem quiser". E eles não querem nada de arejado ...
Por cá, também temos disso, fachadas para enteter o ego (deles)! Abç
Há imagens que valem 1000 palavras. Nem vale a pena comentar...Portugal século XXI.
A todos, o meu obrigado pelos comentários.
Perfeitamente de acordo.
João Norte
intro.vertido.weblog.com.pt
Obrigado, João Norte.
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