António Ramos Rosa, um dos maiores poetas do nosso tempo, nasceu em Faro a 17 de Outubro de 1924.
Em sua homenagem, escolhi um poema que tem a particularidade de ter sido dedicado a um outro algarvio, seu amigo e poeta dos mais reputados, também, da poesia portuguesa contemporânea - Casimiro de Brito.
- A LÂMPADA
As palavras em chamas queimam veias e árvores,
lâmpadas em turbilhão fluem nas calçadas
entre pernas vermelhas e caixotes e cães.
Corro sobre o mar, esta palavra lâmpada
aquece-me por dentro, é um ovo de esperança,
corro, corro à espera de nascer no meu povo.
Quem dirá o contorno, o colo que se debruça
na imóvel figura de um punho silencioso
o fruto vigilante e submerso seio?
No silêncio da mesa sobre a lisa
dureza
ela é a inundação sem tempo e a presença
da origem e alta dignidade humana.
Ó lâmpada, exemplo de poema,
quando aprenderemos a tua dócil sombra
e as tuas sílabas em que o silêncio ama?
A esperança é vigilante em tua luz.
A luz é vigilante em tua esperança.
António Ramos Rosa
ALGARVE todo o mar
(Colectânea)
Publicações D. Quixote, Lisboa 2005
4 comentários:
António, hoje estive a falar com os meus alunos de Ciências da Comunicação sobre o poeta, sem suspeitar da "coincidência". Ainda bem que recordaste a data e colocaste um poema dedicado a Casimiro, que a 16 de Outubro de 1956 iniciava o Prisma de Cristal, página literária em «A Voz de Loulé». Abraço do Helder.
Helder
É curioso que ainda hoje estive a rever os meus arquivos de Outubro de 2004 e lá encontrei um texto que produzi, a teu convite, para A Voz de Loulé, exactamente a propósito do início da colaboração de Casimiro de Brito no Prisma de Cristal, sob o título A Casimiro de Brito.
Um dos meus poetas favoritos.
o casimiro de brito foi o primeiro poeta da minha vida : aos 12 anos dormia com a imitação do prazer sob a almofada e depois entou-me logo o antónio ramos rosa, sempre ilustre
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