Como o "prometidro é dre vidro", não vou quebrar o compromisso. Quero dar-vos conta do que dizem os jovens algarvios na sua poesia e começo com aquele que já ontem incluí em fotografia - Pedro Afonso.
tenho entranhado em mim o meu fim a minha plenitude fatal
lentidão fatídica das tardes solarengas do inverno mediterrânico
cresço nas margens dum texto-mar que se atormenta na sua tempestade [enunciadora
sou espuma por absorver numa praia de rochas quentes e carapaças secas
gritam-me pelos ares na loucura da descoberta
sou-me imposto na ondeante ditadura marítima
o meu futuro é o presente e o passado está para acontecer
sou o tempo que demoro a dizer-me
defino-me na arbitrária orquestra dos signos
margino-me parágrafos genéticos nas páginas do que serei
Pedro Afonso
Do Solo ao Sul
(Antologia de Novos Poetas Algarvios)
ARCA (Associação Recreativa e Cultural do Algarve), Faro 2005
2 comentários:
Pois é, o prometido é de vidro, por isso tantas vezes se quebra.
Um abraço
Luís
E eu não o quis quebrar.
Um abraço, Luís.
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