Os comentários que me foram dirigidos em resposta ao texto Honestidade e Pragmatismo, a que faço referência no post abaixo, permitiram-me alguma reflexão. Quero dar-vos conta do que pensei sem pretender insistir na continuação do debate. Nada de científico, nada de muito sério, nada de definitivo, mas penso assim:
Nós, seres humanos, vivemos no essencial fazendo por suprir as nossas necessidades mais primárias, mas como somos seres gregários e inteligentes, a vida em sociedade também é uma das nossas necessidades primárias. No fundamental, com esta minha asserção quero significar que todos somos egoístas; mesmo quando assumimos atitudes altruístas, o que no fundo procuramos é satisfazer o nosso ego, que também vemos projectado na imagem que a sociedade devolve de nós próprios.
A honestidade é um valor para mim, ser humano, enquanto satisfaz o meu ego de forma directa ou por reflexo no espelho que é a sociedade ou a(s) franja(s) da sociedade que eu valorizo, porque mais me satisfaz(em).
Concluindo e usando uma expressão do "Pirata": é uma questão "de equilíbrio". Nós, seres humanos, usamos de honestidade enquanto nos satisfaz, não como um prazer que se esgota com a sua fruição, antes como um valor, que estimamos através do reflexo que causamos; se não o vemos como seria o nosso desejo, sistematicamente, tentamos equilibrar o nosso comportamento, usando de mais ou de menos.
Já reli (mais do que uma vez) o que escrevi atrás e já estava disposto a alterar algumas coisas. É esta "incerteza". Respondo agora à questão que me colocava em 6 de Janeiro:
- A honestidade, a responsabilidade e o respeito pela palavra dada, a ética profissional, serão valores em extinção, em conflito com o progresso e as mudanças inerentes?
- A honestidade está em conflito com a sociedade em que vivemos.
8 comentários:
Talvez mudando "o homem no espelho"...
Óptimo, Rui!
É mesmo isso que quero significar, mas tu disseste-o melhor.
Um abraço.
Inteiramente de acordo com RS - mudar o homem no espelho - até para evitar que ele se quebre.
Um abraço
O que eu penso é que egoísmo e honestidade são dois aspectos inerentes à natureza humana: como animal que é, o egoísmo garante ao Homem a capacidade de sobrevivência individual, e assim da espécie; a honestidade, a capacidade de sobrevivência gregária. O desonesto, é por isso desagregado pela sociedade, colocado nas prisões. O que se passa hoje em dia, à medida que a sociedade se globaliza, é a perca de referências morais, porque estas são sempre culturais. Prevalece assim o egoísmo, quando cresce o individualismo e desorientação moral. Termino citando um Abecedário Moral do meu avô, precisamente na última letra, a Z: Zela pela paz de consciência, como zelas pelo bem estar do corpo.
Creio que é disso que falo, Manuel, embora sem concepções morais, como a "paz de consciência". Quem não a tem, quando encontra razões, para si sinceras, de justificação dos seus actos?
O egoismo é a resposta "instintiva" do ser humano, aquela que permite a sua sobrevivência numa selva. A honestidade é uma construção moral e como tal pode entrar em conflito com a sua sobrevivência. No tempo presente a "sobrevivência" já não será únicamente física, a sobrevivência de um "eu" que tenha princípios e valores vê-se ameaçada pela tentação do iminentemente material.
O equilibrio entre a sobrevivência e conforto material e a razão da existência é cada vez mais difícil, principalmente nos anos formativos.
Eu faço a minha minuscula parte, provávelmente não adiantará muito, mas devo fazê-la.
Estamos de acordo então. Não é, Mário?
Há uma parte da sociedade que se rege pela honestidade, não sei é se é maioritária, desconfio que não o seja e isso leva-me a concordar consigo.
Enviar um comentário