Vou de férias!
Vou em busca de mais memórias da civilização do Al-Ândalus, que a Lua, em cima, pretende simbolizar. Vou até Marrocos, num curso de verão que me é proporcionado pela Fundação Al-Idrisi, conhecer, mais de perto, os testemunhos ainda vivos desses antepassados que habitaram antes esta terra a que hoje chamo minha e cuja herança convive comigo, todos os dias, na arquitectura, na poesia e até na tonalidade da minha pele.
Regressarei lá para meados de Agosto.
Deixo-vos com esta evocação de Silves, que o Helder Raimundo generosa e simpaticamente me ofereceu.
SILVES
Olho o que resta do rio,
ao fundo do vale,
correndo entre os canaviais que o escondem,
como se fosse um encantamento de sede.
E recordo
as belas palavras do poeta árabe Ibn ' Ammar,
fazendo deslizar, suavemente, os seus poemas
entre o castelo, a praça e o rio Arade.
Breve instante,
a miríade gasosa de acidez da laranja baía,
convoca-me os dedos e os lábios para o seu amargo sabor doce,
entre as argilas barrentas do rio, as enguias caracoleantes e os rouxinóis.
Que saudades, de subir as íngremes histórias da cidade,
sentindo a frescura dos laranjais e as vozes dos poetas de Silves.
- Fevereiro de 2004
Um abraço do Helder F. Raimundo
P.S. Se, por acaso, tiver acessso à Internet, poderei, assim, graças ao Helder, matar saudades da minha terra.
Obrigado, Helder!