sexta-feira, junho 17, 2005

Um Conto (VIII)

  • De avião

    Invadia-o sempre aquela sensação dúbia de medo e de prazer que lhe trazia o momento de levantar voo.
    Nada o inibia nos momentos de espera após o embarque, absorto no desejo e no receio daquela situação. O tempo de viagem era-lhe quase indiferente. Aborrecer-se-ia talvez nas viagens de longo curso. Nunca tinha feito nenhuma. O que o atraía, de facto, era o levantar e o aterrar. A estranha sensação de se estar no ar, o impulso contra o banco, a leve vertigem, a presença surda e inquietante do perigo.

    Se não fossem estas curvas sucessivas sempre em círculo, de olhos fechados estes aviões de feira deveriam proporcionar a mesma sensação dos aviões reais. Não acham?!


5 comentários:

Margarida V disse...

olá

adorei o blog!!!
aodrei as palavras, os contos, os poemas.
simplesmente genial!!
gostaria de pôr o teu link no meu blog, se te parece bem diz-me qualquer coisa.
espero a tua visita!:)

Anónimo disse...

Soa-me: A murmúrios/de flor quase a abrir/ou de ave qusse a voar/Afinal incompletudes/em ância/pela caminada plena/por realizar
Luisa

hfm disse...

António - os teus contos e os seus soberbos finais! e a escrita enxuta.

Unknown disse...

Há quem se anule asssim, em voos baixos, neste fingimento de quem não pode ou não quer ver, ou porque a vida lhe impediu o acesso a outros horizontes ou porque prefere ver por outros olhos que não os seus.

Anónimo disse...

Temos o prazer de o informar que dia 30 de Julho se vai realizar um almoço convívio, deniminado "1º encontro blogalgarve". Visite-nos e inscreva-se.