História de Silves - 5
Os Muçulmanos
Ei, Abu Bacre, saúda os meus amigos em Silves e pergunta-lhes se, como penso, ainda se recordam de mim. Saúda o Palácio das Varandas da parte de um donzel que sente perpétua saudade daquele alcácer. Quantas noites passei, deliciosamente junto a um recôncavo do rio com uma donzela cuja pulseira rivalizava com a curva da corrente. O tempo passava e ela servia-me a bebida do seu olhar e outras vezes a do seu copo e outras a da sua boca. As cordas do seu alaúde feridas pelo plectro estremeciam-me como se ouvisse a melodia das espadas nos tendões do peito inimigo. Ao retirar o seu manto, descobriu o talhe, florescente ramo de salgueiro, como se abre o botão para mostrar a flor.
Evocação de Silves, de Al-Mutamide (séc. XI)
3 comentários:
Deixo um beijo à minha passagem por aki.
De facto, tínhamos (temos) muito que aprender com estes muçulmanos de antigamente, pessoas inteligentes, cultas, sensíveis...
Meu caro MAD, diria como escreveu Fernando Pessoa:
"Expiemos o crime que cometemos, expulsando da Península os Árabes que a civilizaram."
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