As Jornadas Europeias de Património também passaram por aqui.
Faz tempo que os painéis informativos da Câmara apresentavam aquela indicação, a que se seguia um número de telefone de contacto, para quem quisesse conhecer o que tencionava a autarquia realizar a tal propósito.
Desinteressei-me.
Sei que li depois, não recordo onde, mas num qualquer órgão da imprensa regional, que as crianças seriam convidadas a desenhar algumas das referências patrimoniais da cidade (creio que não abrangia o concelho).
"Criança sofre!"
E além das crianças, sempre solicitadas desde as primeiras experiências da pré-primária até ao 12º ano (se vierem a prosseguir estudos na área das artes), a desenhar esses referenciais da memória local, sofrem também os monumentos em causa.
O Castelo, monumento nacional, tem o seu interior completamente às avessas, com obras paradas que duram há anos.
A Sé, monumento nacional, faz tempo que necessita de uma pintura e de alguns arranjos nas estruturas do seu pórtico, antes que caiam e se partam; as Jornadas de Património não lhe deram uma oportunidade.
A Cruz de Portugal, outro monumento nacional, também há anos que sobrevive entre o pó das obras da zona circundante ao Palácio da Justiça (mais uma inauguração oficial sem acabamento à vista). Este pobre cruzeiro, há cerca de dois anos que apresenta uma "protecção" tosca e miserável, numa pobre e inestética figura, que se parece com um par de cuecas de serapilheira caídas aos seus pés, como aqui revelo.
A vida cultural da cidade, semana após semana, vive numa letargia total, sem um acontecimento capaz de fazer esquecer esta rotina inconsequente, numa cidade parada em obras paradas, de comércio moribundo e sem um plano estratégico para o futuro.
É por tudo isto que é necessário fazer de conta, pelo menos para tapar os olhos a quem não vive por cá.
P.S.
Pude observar, já hoje de manhã, durante o meu exercício matinal, que as fraldas ou cuecas que revestiam a base do telheiro da Cruz de Portugal foram retiradas.
O que, até agora, nunca tinha parecido ou cheirado mal, deixou de existir; certamente para não ofender o olhar do Sr. Ministro da Justiça, ontem em Silves para inaugurar o novo Tribunal. Esqueceram-se, no entanto, de remover o lixo que ao longo deste tempo se acumulou sob o telheiro, talvez porque, à distância, o Sr. Ministro não o pudesse avistar. Mas iremos avistá-lo nós e quem nos visita, pois é realmente chocante a situação.
Foram-se as fraldas ou cuecas, mas ficou a merda à vista.
Deixem-me que vos confirme que as obras não foram terminadas. Os trabalhos que, apressadamente, se realizaram nestes últimos dias não foram concluídos. Resumiram-se ao nivelamento do largo fronteiro e à construção de um corredor de acesso, para não estragar os sapatos do Sr. Ministro na gravilha solta, o que poderia continuar a acontecer aos munícipes, indefinidamente, pois "sapatos", como os chapéus, há muitos.
13 comentários:
Amigo Baeta, partilho do teu ponto de vista, esta cidade e este país, vivem de aparências, que normalmente são falsas...queres melhor exemplo, em dois dias fez-se um passeio enorme em calçada (do posto da rta até ao café martins) e agora falta "3 pedra" à um mês...
ri até às lágrimas, com a tua imagem da Cruz de Portugal "vestida com umas cuecas de serrapilheira". e rio para não chorar, porque no dia em que começar, acho que não acabo mais.
.
.
esta é a nossa merda, porque a cidade já não é nossa
.
é do Pólis!!!!!!!!
bem vinte pontos pras cuecas da serrapilheira, nunca alguém tinha descrito tão fenomenalmente este estado degradante que se encontrava a cruz de portugal....
Estava de tanga amigo baeta.. de tanga.. tá a ver?
fiquei cheia de pena que a tivessem retirado!!!pois já era um ex.libris e cartão de visita excelente a quem visita silves...
os visitantes já saíam de cá satisfeitos a dizer:- fomos muito bem recebidos pela srª cruz que nos recebeu com o seu ultimo modelo fashion "cuecas caídas"..
Quanto ao que concerne ao srº ministro esteja descansado o senhor é miope, tem a vista curta...
abraces
Pois é, meu amigo, assim tratamos o nosso património. Custa ver como outros de bem pouco fazem tanto e nós deixamos deteriorar ou mesmo perder o muito que temos.
Tristeza a falta de movimentos cívicos já que por aí tb lá poderíamos ir.
lolll...que belas cuecas. Não sabia que tinham retirado a cruz de portugal.
P.S.espreita o meu blog mas peço-te que nao comentes com os meus avos.(que ainda nao sabem tudo)
Bjokas
Caro Tóy !
Pa(res) de cuecas de serapilheira(bela imagem ,meu caro,bela imagem!...) e sapatinhos a brilhar por cima e rotos por baixo já há muito que nos "obrigaram " a usar,assim como óculos escuros da Rayban -sempre "afugentam" a merda da ... vista!Realmente, não há colírio que resista ,nem olhos qu'aguentem, tamanho desleixo a que votaram esta terra... Será mesmo do ...PÓLIS ,como diz um dos comentadores ??!!!...Continua a dar voz ao povo .Os teus leitores agradecem e vão comentando .
um abração do
João Carreira
N.B. Por mor da gravilha, comprei uns ténis novos...
Um beijo e um desejo que o sorriso seja o sol a brilhar nos teus lábios.
Obrigado pela vossa participação activa; pelos vossos comentários.
Roubaste-me o post, Toy!
Quando constatei que tinham retirado "as cuequinhas de serrapilheira" à Cruz no dia em que tínhamos por cá os VIPs, lembrei-me de escrever. Mas antecipaste-te. No entanto, fica aqui a informação de que em duas ocasiões, na Assembleia e na reunião de câmara, respectivamente à interpelação da Margarida Ramos (CDU) e de mim próprio, sobre o despropósito da continuação do que eu chamei de "reles trapinho", a Srª Presidente afirmou: "Só será tirado quando terminarem as obras". Agora das duas uma: ou terminaram as obras (o que não parece, ou então foi cosmética, ou milagre, que só ministro pode fazer!). Pior, falta saber como será regularizada a situação do abusivo aproveitamento dos terrenos privados a nascente da Cruz, ainda propriedade particular!!
Um pouco atrasado, mas não posso deixar de lamentar e de me solidarizar com os vizinhos de Silves.
Obrigado pela solidariedade, meu vizinho.
Pois é ! Triste país o nosso onde muitas cidades estão escavacadas e o património destruído pelo "pólis". Pobres "pólis"... E nós deixamos ! Aqui, também há tristezas dessas que já evito olhar. Mas tenho-o agora à porta de casa para não o esquecer - o Pó-Liz... da cidade do dito !
Que a sua pena não entorpeça...
Um abraço solidário,
fsm.
Ainda que já ultrapassada a questão das "cuecas ou trapinho" que a Cruz envolvia, por iniciativa ministerial,não posso deixar de convosco partilhar o que a senhora presidente da Câmara na última reunião camarária (27/09) afirmou depois do meu remoque à apressada alteração: que, embora também não gostasse da situação (do trapinho) não o retirou porque este era útil à protecção do monumento enquanto existissem obras na zona e porque eu (e outros da oposição) o reclamaram! E que tal? Querem ver que ainda fui eu que tive a culpa da manutenção desta ridícula situação!? E as obras, será que já terminaram?
Enviar um comentário